Em março, na comunidade de Lagoa da Pedra, a mineradora Santa Inês LTDA iniciou trabalhos de extração de minério em terras destinadas a proteção ambiental da região do rio Pardo
Publicado 21/08/2020 - Atualizado 22/08/2020
A Santa Inês LTDA se instalou em terras devolutas que pertecem ao estado – e que, de acordo com o art. 225, §5º da lei 6383/76, são necessárias à proteção dos ecossistemas naturais – concedidas pela assinatura do prefeito de Indaiabira, Zé de Maurina (PP), na declaração de posse ao dono da empresa, Edmo José Ferreira. Essa declaração proporcionou ao empresário a concessão da licença ambiental para fins de extração de minério na comunidade de Lagoa da Pedra.
De acordo com os documentos da própria empresa, as licenças ambientais apresentam uma licença simplificada, ou seja, de pequeno porte. Porém, o mesmo documento afirma que a licença tem duração de 20 anos, com objetivo de retirar 16.000t/ano de granito, tempo suficiente para causar, de acordo com Aurindo, inúmeros danos ao ambiente.
Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Indaiabira e morador da comunidade Lagoa da Pedra, Aurindo José Ribeiro pressionou “para que assinatura não acontecesse”, e relata que “os moradores da comunidade são contra esse ‘empreendimento’ por saber do histórico de degradação que uma mineradora causa ao ambiente”, afirmou.
Para ele, a preocupação dos moradores são os rejeitos e entulhos que serão produzidos com a retirada do granito, amontoado em barreiras. O medo chega também na probabilidade dessas barreiras contaminarem o rio Pardo, causando assoreamento e contaminação na bacia, já que a mineradora foi instalada entre duas nascentes d’água.
Indignados, moradores convocaram uma reunião com Edmo José Ferreira, dono da mineradora Santa Inês, e com parceiros como o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e Movimento Geraizeiro, para discutir o funcionamento da mineradora e ter mais conhecimento sobre o assunto. A reunião não foi realizada e a empresa começou os trabalhos antes de uma nova proposta de encontro.
O MAB está em luta para que os direitos do povo sejam garantidos, construindo com as comunidades a luta por desenvolvimento com participação popular. É fundamental ter clareza do interesse da mineração no local. Essa contradição de interesses nos revela que mais uma vez que resolver os problemas do povo não está na pauta política. A luta segue, e resistir faz com tenhamos mais conquistas.
Mineração aqui não! Em defesa das águas e dos povos do semiárido!