Campanha de Solidariedade do Movimento de Atingidos e Atingidas do Espírito Santo

A Solidariedade Constrói Direitos e Salva Vidas! Campanha de Solidariedade do Movimento de Atingidos e Atingidas do Espírito Santo. Contribua doando alimentos da cesta básica ou uma quantia em dinheiro. Os […]

A Solidariedade Constrói Direitos e Salva Vidas! Campanha de Solidariedade do Movimento de Atingidos e Atingidas do Espírito Santo. Contribua doando alimentos da cesta básica ou uma quantia em dinheiro. Os contatos seguem ao final da matéria.

A pandemia de Covid-19 é uma realidade que não podemos negar. O potencial contaminante do vírus além da violência dos seus sintomas – manifestados principalmente em quem já possui a saúde debilitada por outras doenças ou estilos de vida não saudáveis o tornam uma ameaça ainda maior a todos e todas. Além dos efeitos na saúde, ela também traz efeitos econômicos preocupantes para todo o conjunto da população brasileira. 

A necessidade da quarentena põe em xeque vários arranjos produtivos e setores inteiros da economia nacional. Com vários trabalhadores em casa, e a dificuldade de várias cadeias produtivas manterem o ritmo normal de produção nós chamamos atenção que a segurança alimentar do povo, em especial do povo mais humilde e vulnerabilizado, deve ser uma preocupação do conjunto da sociedade Brasileira. Com todos os pesares nosso país já erradicou a fome uma vez. Não deixaremos esse fantasma voltar a rondar o nosso país.

De Colatina, Márcia Maria atingida e militante do MAB nos traz o seguinte relato:
“Colatina é um grande centro urbano, então em alguns bairros já temos relatos de centenas de famílias em dificuldade para garantir o que comer. Estamos promovendo ações entre parceiros de Sindicatos, Igrejas e Movimentos Sociais para arrecadar comida para essa população.”

É nessa intenção que o Movimento dos Atingidos por Barragens preparou um plano para atuar nessa realidade. Coerentes com o que pregamos e construímos, lançamos também a nossa campanha de solidariedade voltada especialmente para aquelas famílias que foram atingidas no Espírito Santo pelo crime da Vale no rio Doce. 

Como disse o José Carlos, o “Barriga Lisa” da Vila do Riacho:
“Aqui temos algumas famílias que subsistem só do bolsa família, famílias carentes que com o coronavírus se veem privadas da sua única fonte de renda que são as faxinas feitas em casas de veraneio. Como boa parte dos diaristas, eles seguem sem fonte fixa de renda então a gente reforça a necessidade dessa campanha solidária, para que nenhuma família da Vila do Riacho fique desamparada nessa hora de dificuldade. A cesta básica não resolve mas com certeza minimiza o sofrimento dessas famílias. Convoco a todos que ajudem nessa campanha.”

É tarefa dos movimentos sociais, em especial aqueles que querem ser agentes transformadores da sociedade, estar do lado do povo neste momento difícil. Como a tarefa é grande e são muitos os necessitados, queremos desde já agradecer aos parceiros que nos provocaram e se dispuseram a nos auxiliar nesta campanha de solidariedade desde o seu início, em especial ao Sindicato dos Pescadores (SINDIPESMES) e a Igreja Católica principalmente na figura do Fórum Igrejas e Sociedade em Ação, da Arquidiocese de Vitória. 

Muitas comunidades atingidas sobrevivem hoje em um contexto de pauperização e privaçao das fontes tradicionais de alimentos (mar, rio e manguezais) e das áreas tradicionais de cultivo (produção reduzida às margens do rio doce onde a lama atingiu). Essas famílias atingidas pelo crime da Vale se encontram ainda mais fragilizadas diante da ameaça que o Covid-19 traz consigo. Ao passo que alguns ainda tem um parco recurso garantido pela fundação que representa as empresas, muitos seguem sem receber um centavo pelos prejuízos que tiveram – o que reforça a nossa preocupação sobre a segurança alimentar dessas pessoas e comunidades. É fundamental cobrar os responsáveis pelo problema, mas também não podemos nos furtar de auxiliar emergencialmente àqueles que se encontram nessa situação – pelo menos até o fim da quarentena imposta pelo Covid-19.

Como diz o João Carlos, o Lambisgóia, um dos camaroeiros atingidos de Jesus de Nazaré:
“Tá feio pra todo mundo, pra quem é da cadeia da pesca sem pescar e pros demais da nossa comunidade. Quem vem dentro da comunidade vê o que a gente está passando é muita necessidade mesmo, gente sem nada pra comer e é isso a fome está tomando conta desse povo já. A maioria foi mandada embora e vai receber só 20% do salário, a dificuldade é enfrentar essa realidade de frente e amenizar a fome dessa turma que precisa ok?”

Neste sentido a participação de muitos atingidos que já foram idenizados – conhecedores da realidade e sensibilizados com a situação pela qual passam aqueles que seguem sem ter seu direito reconhecido se voluntariaram para ajudá-los. Mais uma vez, a solidariedade daqueles que trabalham e produzem se volta para aqueles que estão impedidos de trabalhar e de produzir. Sem deixar ninguém para trás, vamos juntos com muita luta e também muita solidariedade construindo a nova sociedade que queremos. A ajuda de todos é muito importante. Contribua você também com a campanha de solidariedade do MAB no Espírito Santo.

Só o Povo Salva o Povo!

Espírito Santo, abril de 2020

 

Para maiores informações sobre como ajudar na campanha:

João Paulo – (27) 99242-9398

Heider – (27) 99602-6927

Zeca – (27) 98161-4373

Local de arrecadação em Vitória: Cais do SIBRASEM em Jesus de Nazaré – atrás do Hortomercado.

Conteúdos relacionados
| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

Desenvolvimento para quem? Piauí, um território atingido pela ganância do capital

Coletivo de comunicação Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no Piauí, assina artigo sobre a implementação de grandes empreendimentos que visam somente o lucro no território nordestino brasileiro