Rompimento de barragem em Novo Cruzeiro/MG coloca em risco soberania alimentar
O rompimento da barragem na comunidade da Saudade, município de Novo Cruzeiro, Vale do Jequitinhonha/MG, vem causando desde o dia 30 grandes preocupações para as famílias agricultoras. A comunidade possui […]
Publicado 03/04/2020
O rompimento da barragem na comunidade da Saudade, município de Novo Cruzeiro, Vale do Jequitinhonha/MG, vem causando desde o dia 30 grandes preocupações para as famílias agricultoras.
A comunidade possui suas relações de trabalho voltadas para a agricultura familiar. As famílias comercializam hortaliças nas feiras locais e para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Parte das famílias também faz parte da Cooperativa dos Agricultores Familiares de Novo Cruzeiro (Coopernovo).
Segundo o Ricardo Pereira de Oliveira, associado da Coopernovo, as famílias tinham uma renda de 5mil reais no ano de 2019. Nesse ano a comunidade atingida terá uma grande queda por causa das consequências do rompimento da barragem e da pandemia do Coronavírus.
A barragem do japonês, como era conhecida, ficava mais ou menos a 150 metros acima da comunidade. O velocidade da água no rompimento levou cacimbas, canos, mangueiras, motores, e até o poço artesiano que ficou destruído. Além das plantações, todos os equipamentos usados para o trabalho nas terras foram destruídos.
A mata ciliar da beira do córrego da Saudade também foi atingida e, de acordo com Ricardo, isso traz um grande dano socioambiental, já que sem elas o córrego tende a poluir e a secar. Para ele, a recuperação ambiental deve ser urgente, já que o córrego é a garantia da água na comunidade, assim como permanência das famílias no local.
A situação sanitária também é grave, pois muitos animais foram mortos e estão em decomposição. Segundo José Almeida, os urubus já estão sobrevoando a comunidade e o mau cheiro pode aumentar ainda mais se as devidas providências não forem tomas.
A cooperativa da comunidade estava se preparando para fazer a entrega de alimentos durante a pandemia, e também organizava projetos de produção coletiva voltados para tomate e batata caipira. Com o rompimento os projetos foram interrompidos.
De acordo com José Almeida um “encarregado” do proprietário da fazenda e responsável pela barragem está distribuindo cestas básicas para algumas famílias, mas não sabe dizer onde o proprietário se encontra.
Para o MAB esse rompimento de barragem coloca em risco da soberania alimentar da comunidade e de todo município de Novo Cruzeiro e região. O Movimento está organizado com as famílias atingidas e exige que seus direitos sejam reparados e que o responsável pelos danos arque com com os danos do povo.