Debate sobre modelo energético é tema de ações da Jornada de luta dos atingidos

Esta quinta-feira (12), segundo dia da “Jornada Nacional de Luta dos Atingidos em defesa dos rios, das águas e da vida”, teve diversas atividades, desde atos de rua, ocupações até […]

Esta quinta-feira (12), segundo dia da “Jornada Nacional de Luta dos Atingidos em defesa dos rios, das águas e da vida”, teve diversas atividades, desde atos de rua, ocupações até Audiências Públicas. Os atingidos protestam contra o alto preço da energia elétrica, que consideram um roubo, e reivindicam a retomada do subsídio para pequenos agricultores na conta de energia, bem como a permanência deste para as famílias de baixa renda. Veja um resumo do dia:

Pará

Centenas de trabalhadores, de diferentes idades e regiões do Pará, organizados no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) marcharam na manhã desta quinta-feira (12) pelas ruas da capital, Belém, até o Centro de Convenções Hangar onde ocorria o XX Fórum de Governadores da Amazônia Legal. Os governadores dos nove estados da região estiveram reunidos com empresários para discutir “investimentos para a região”.

Foto: Carol Ferraz / Amigos da Terra Brasil

Os atingidos entregaram uma carta denunciando os interesses que estão por trás da destruição da floresta e da vida. Eles propõem ainda um outro modelo de desenvolvimento que defenda a biodiversidade e os povos da Amazônia. “É possível construir um modelo de desenvolvimento que coloque a vida em primeiro lugar, privilegiando a distribuição de riqueza, o desenvolvimento tecnológico sem predação da natureza e a utilização de recursos estratégicos para a melhoria geral das condições de vida da população seja nas cidades, nos travessões ou nas beiras dos rios”, aponta o documento.

Bahia

Na Bahia, o dia foi marcado por um ato público na cidade de Bom Jesus da Lapa. Atingidos do oeste do estado ocuparam a sede da Companhia de Eletricidade da Bahia (Coelba) para denunciar os altos preços da conta de luz e a retirada dos subsídios da conta das populações rurais.

Mais de 150 atingidos baianos/as participaram do ato e fizeram a entrega de mais de mil auto declarações em que afirmam ser contrários aos aumentos das tarifas de energia e em especial da retirada do subsídio para os moradores do meio rural que está previsto no decreto 9.642, vigorando desde dezembro de 2018, e ainda declararam apoiar a manutenção e melhoria da tarifa social, lei n° 12.212 desde 2010.

Segundo Douglas Barreto, da coordenação estadual do MAB: “o aumento da tarifa de energia vai elevar o custo de vida para as famílias agricultoras, diminuir a circulação de valor nos municípios e concentrar mais riquezas para as grandes empresas do setor energético. Portanto, é extremamente importante a luta contra o decreto que retira o subsídio para os moradores da zona rural e a favor da tarifa social”, afirma. Andréia Neiva, da coordenação nacional do movimento disse que esta jornada “é para mostrar que todos somos atingidos numa sociedade que é roubada mês a mês nas contas de luz, e que precisamos repensar a política energética brasileira, garantindo que as riquezas geradas a partir de nossa natureza sejam destinada ao povo brasileiro em saúde e educação, e não ser destinadas a encher o bolso de acionistas fora do país”, comenta. 

Ceará

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), juntamente com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Levante Popular da Juventude, ocupou a sede da multinacional italiana Enel, em Fortaleza, para reivindicar que o preço da luz seja reduzido, denunciando que o preço da luz é um roubo. A empresa, que atua na geração e distribuição de energia, figura entre as três empresas com maior números de reclamações no Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) em Fortaleza. Cerca de 1500 pessoas se reuniram nesta mobilização.

Foto: Lucas Calisto / Comunicação MAB

A ação colocou em pauta a retomada do subsídio para pequenos agricultores na conta de energia, bem como a permanência deste para as famílias de baixa renda, além de protestar contra o alto preço da energia elétrica.Segundo Roberto Oliveira, da coordenação nacional do MAB, “a luta dos atingidos contra os altos preços da energia elétrica é para denunciar que o preço da luz é um roubo e tira a comida do povo”. Ainda de acordo com o militante, os próximos cortes nos subsídios podem atingir os trabalhadores baixa renda, que somam 8,5 milhões de contas de energia no Brasil.

Durante a tarde, os atingidos partiram rumo a uma Audiência Pública na Assembleia Legislativa do Ceará para debater a necessidade de um Política Estadual para os Atingidos (PEAB/Ceará) que garanta os direitos e a segurança de populações afetadas pela construção de barragens e obras hídricas no estado. No Brasil, os atingidos se manifestam de forma coletiva e organizada denunciando a violação de direitos e cobrando das empresas e do poder público reivindicações históricas dessa população que desde os anos 70, quando surgiram as principais obras para geração de energia elétrica e acumulação de água, tem seus direitos sistematicamente violados.

Maranhão


Foto: Comunicação MAB

Na tarde desta quinta-feira (12), agricultores organizados no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) realizaram um ato em São Luís, capital do estado, em frente à sede da empresa de energía elétrica Equatorial, nome atual da antiga Companhia Energética do Maranhão- CEMA, privatizada no ano 2000.  Além das altas tarifas de energia cobradas pela companhia, os  atingidos também denunciam a precariedade nos serviços de energia, onde as famílias chegam a passar até 15 dias sem luz.

Paraná

No estado do Paraná, foi realizada uma Audiência Pública Regional, na Câmara de Vereadores de Coronel Vivida, sudoeste do estado. O evento, proposto conjuntamente com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Paraná (Fetraf-PR) e a Associação de Estudos Orientação e Assistência Rural (Assesoar), reuniu agricultores, parceiros de sindicatos e partidos, trabalhadores da cidade, e atingidos por barragens de 15 municípios paranaenses.

“Em 2023, com o fim do subsídio, os agricultores vão ver sua conta de luz subir 43%, além dos reajustes, que a Copel faz todo ano, e que farão a conta ser ainda mais alta. Não precisamos e nem devemos esperar até lá para organizar a luta contra a retirada do subsídio”, diz Robson Formica, da coordenação do MAB. “Esse é um problema que os trabalhadores sentem doer todo mês no bolso”, lembra Formica. 

Foto: Comunicação MAB

Santa Catarina

Em Santa Catarina, foram organizadas ações na Celesc (Centrais Elétricas de Santa Catarina) em São Miguel do Oeste, Chapecó e Joaçaba. Foram entregues ofícios e autodeclarações contra as medidas que devem resultar em aumento nas contas de luz do povo no próximo período.

Foto: Comunicação MAB

Mais de 233 mil famílias de agricultores serão atingidas no estado, pagando, juntas, pelo menos quase 3 milhões de reais a mais por mês. Só o município de São José do Cerrito, por exemplo, atingido por uma barragem que interfere na vida de muitas famílias, vai perder de circulação de quase 700 mil reais ao ano. 

Conteúdos relacionados
| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

Desenvolvimento para quem? Piauí, um território atingido pela ganância do capital

Coletivo de comunicação Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no Piauí, assina artigo sobre a implementação de grandes empreendimentos que visam somente o lucro no território nordestino brasileiro