MAB repudia boicote das mineradoras às assessorias técnicas no Rio Doce 

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) recebe com indignação a denúncia feita pelas entidades escolhidas para assessorias técnicas independentes na bacia do rio Doce.  Em nota, as organizações afirmam […]

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) recebe com indignação a denúncia feita pelas entidades escolhidas para assessorias técnicas independentes na bacia do rio Doce. 

Em nota, as organizações afirmam que as empresas Vale, BHP Billiton e Samarco se negam a garantir o direito fundamental, acordado judicialmente. Segundo o texto, durante reuniões de negociação realizadas desde a homologação pelo juiz Mário de Paula Franco Júnior, que ordenou “a contratação imediata” das equipes em audiência em setembro do ano passado, as empresas demonstraram desinteresse em dar agilidade ao processo – questionando conceitos básicos, tamanhos das equipes e valores, descumprindo acordos assinados por elas: o Aditivo ao TAP e o TAC Governança. 

Diante disso, é espantoso saber que a Vale, após o crime reincidente em Brumadinho que completa um ano nesta semana, distribuiu apenas em 2019 mais de R$7 bilhões em lucro para os já bilionários acionistas, valor superior ao que foi gasto até agora em ações de reparação nos dois crimes em Minas Gerais. A informação de que as mineradoras querem reduzir em 14 vezes o valor global das assessorias demonstra que essa demora é uma decisão política. Em 2018, por exemplo, a Fundação Renova gastou R$120 milhões para manter a instituição, gasto desconsiderado nas decisões sobre a reparação integral. 

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) reafirma a luta pela efetivação deste direito, garantido por acordos e amplamente discutido com as comunidades para a reparação integral na bacia do rio Doce. Deixar o processo nas mãos dos governos e da Fundação Renova sem garantir a participação dos atingidos e atingidas com acesso a informação segura é estabelecer uma farsa, que promove diariamente violações aos direitos humanos. Reivindicamos encaminhamentos semelhantes aos feitos em Brumadinho que, um ano após o crime, já tem entidades escolhidas e em vias de contratação imediata. 

É uma vergonha para as empresas e para a Justiça que o processo no rio Doce esteja, quatro anos depois, ainda parado. 

Contamos com as Comissões de Atingidas e Atingidos para fortalecer a unidade e a luta popular pela garantia deste direito, e também com as entidades: Associação de Desenvolvimento Agrícola Interestadual – ADAI, a Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social – AEDAS, a Caritas Diocesana de Governador Valadares, a Cáritas Diocesana de Itabira e o Centro Agroecológico Tamanduá – CAT.

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| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

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