Baixa qualidade da água represada pela usina UHE Sinop mata toneladas de peixes no rio Teles Pires, em MT

Mais um crime ambiental assola a Amazônia e ameaça dizimar o complexo ecossistema do rio Teles Pires. A UHE Sinop, de responsabilidade do consórcio Sinop Energia (EDF, CHESF e ELETRONORTE) […]

Mais um crime ambiental assola a Amazônia e ameaça dizimar o complexo ecossistema do rio Teles Pires. A UHE Sinop, de responsabilidade do consórcio Sinop Energia (EDF, CHESF e ELETRONORTE) começou o processo de enchimento do lago no dia 30 de janeiro. Nos dias que se seguiram mais de 13 toneladas de peixes, segundo perícia da DEMA, POLITEC e MPE-MT, morreram em decorrência de alterações na qualidade da água abaixo da represa.


A empresa obteve autorização para o enchimento do reservatório realizando menos de 30% da supressão vegetal na área do lago. O MAB, as comunidades atingidas, professores da UFMT, estudos periciais do MPE-MT, pesquisadores do INPA e casos anteriores em outras barragens na Amazônia já demonstravam que o modelo matemático adotado pela empresa para justificar a não supressão da área de vegetação do lago era inadequado para a realidade da UHE Sinop.

Mesmo com esses estudos e uma série de recomendações do MPE a SEMA, a mesma autorizou o enchimento do lago, o que pode ter acarretado na morte de milhares de peixes. Após a constatação da morte dos peixes, a DEMA e o MPE realizaram perícia no local e coletaram materiais para análise. Essa perícia resultou em uma ação civil pública que pede o congelamento de 20 milhões de reais da Sinop energia, além da apreensão dos passaportes da diretoria da empresa. Outra medida tomada na ação é o pedido para imediato esvaziamento do lago e retirada completa da vegetação do lago de 35 mil hectares.

Segundo o pesquisador do INPA Phillip Fearnside a não supressão da vegetação do lago da UHE Sinop a torna uma das usinas com maior emissão de gases de efeito estufa. Além disso, para o MAB e para o MPE, a não supressão acarreta na morte de mais milhares de peixes com o apodrecimento da matéria orgânica. Os atingidos ainda apontam que os galhos e troncos não apodrecidos podem prejudicar o uso do lago e a navegação como prováveis causadores de acidentes.

Esse processo se soma a outro movido pelo MPF referente às indenizações no assentamento gleba Mercedes. Nessa ação, o preço pago pelas terras na gleba passa de pouco mais de 22 milhões para mais de 141 milhões de reais conforme perícia da justiça federal. Essa ACP é fruto de muita luta das comunidades atingidas e do MAB. Os crimes e desmandos com relação a construção da UHE Sinop não podem cair no esquecimento. A comunidade e o movimento seguem mobilizados na garantia dos direitos dos atingidos.

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