Exposição traz resistência e luta das mulheres atingidas em bordados para BH

Entre os dias 30 de julho e 17 de agosto, a exposição “Arpilleras: bordando resistência” estará aberta para visitação na Galeria de Artes da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em […]

Entre os dias 30 de julho e 17 de agosto, a exposição “Arpilleras: bordando resistência” estará aberta para visitação na Galeria de Artes da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em Belo Horizonte. Uma parceria entre o Movimento dos Atingidos por Barragens-MAB e a ALMG traz para o público da capital um série de peças bordadas por mulheres atingidas por barragens de todo o país para revelar as violações de direitos sofridas na construção das hidroelétricas.

O MAB aponta que as violações causadas por barragens afetam toda a sociedade, mas o machismo e patriarcado impregnados nas empresas construtoras fazem das mulheres as principais afetadas. Nesse processo as mulheres são excluídas de direitos, são as que perdem sua renda, muitas vezes informal, e não são ouvidas e reconhecidas. Em muitos casos são usadas como mercadoria na exploração sexual e de diversas outras formas dentro de suas “atribuições” domésticas.

Bordar para lutar

Arpilleras é uma técnica de denúncia a partir de bordados usada pelas mulheres chilenas durante a ditadura militar de Pinochet no país, quando mães e esposas de presos políticos teciam e bordavam os abusos, tortura e a vida sob ditadura com retalhos de rupas dos homens desaparecidos. As peças foram enviadas para diversos países como forma de denúncia do que acontecia no Chile e ainda hoje são usadas para retratar o período no Chile.

É hoje ferramenta também de mulheres brasileiras. Os bordados expõem a resistência, luta e violações sofridas nas construções de barragens em todo o país, com peças que apresentam um cenário da realidade vivida por estas mulheres, com imagens desenhadas e bordadas para ilustrar as violações.

“O que já foi um símbolo de submissão e trabalho doméstico das mulheres, hoje é nossa ferramenta de subversão e luta”, explica Elaine, militante do MAB, sobre o bordado.  Com outras dezenas de companheiras, ela faz parte de um dos muitos coletivos de mulheres organizadas no movimento, que enquanto contam suas histórias, trocam experiências e debatem soluções para os problemas trazidos com as barragens, elaboram as Arpilleras.

A ferramenta rendeu um filme lançado em 2017, “Arpilleras: Atingidas por Barragens bordando a resistência”, de produção do Coletivo Nacional de Mulheres do MAB. O longa retrata a vida de cinco mulheres atingidas de diferentes regiões do país, e a partir da elaboração de uma mesma peça de Arpillera, suas lutas e vidas se entrelaçam. 

Durante os dias de exposição, estarão no local mulheres que participaram da construção das peças, para dividir sua experiência e contar sobre sua luta pelos direitos dos atingidos e atingidas por barragens organizadas no MAB.

 

O quê: Exposição “Arpilleras: bordando resistência”

Quando: De 30 de julho a 17 de agosto

Onde: Galeria de Artes, Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Rua Rodrigues Caldas, 30, Bairro Santo Agostinho.

*Fotos: Vinicius Denadai