Atingidos pelo rompimento da barragem em Mariana exigem direitos em manifestação em Periquito, no Vale do Aço
Na manhã de hoje, 05 de junho, 150 atingidos pelo rompimento barragem em Mariana da cidade de Periquito, no Vale do Aço, se manifestaram diante da sede da Copasa com […]
Publicado 06/06/2018
Na manhã de hoje, 05 de junho, 150 atingidos pelo rompimento barragem em Mariana da cidade de Periquito, no Vale do Aço, se manifestaram diante da sede da Copasa com agitação e palavras de ordem.
O grupo se coloca em defesa de todos os munícipes de Periquito, exigindo que sejam reconhecidos como atingidos pelo rompimento da Barragem de Fundão pela questão da água, uma vez que o abastecimento de toda a cidade foi interrompido por mais de um mês após o crime cometido pela Samarco/Vale, gerando prejuízos diversos.
Todas as famílias do município ficaram mais de um mês sem água, sem nenhuma gota nas torneiras. Sobreviveram com doações de galões de outros estados, muitos tiveram que comprar água, buscar em bicas ou minas, relata a moradora Maria Ventura.
Todos os anos, em tempo de estiagem das chuvas, o baixo nível de água na represa usada para abastecimento da cidade acaba por obrigar a Copasa do município a encontrar outra fonte, sendo o Rio Doce como única opção. No ano do rompimento, no entanto, não houve essa possibilidade, agravando o problema e gerando interrupção no abastecimento em Periquito por diversas semanas.
Seu José Luiz dos Reis conta que por muito tempo a água vinda da torneira estava ruim. Na época da seca a água faltou, começou a ter um barro danado no rio, a gente abria a torneira e saia aquela água escura, parece um barro. Nós usamos aquele barro e depois denunciamos, indigna-se. Ele conta que sua família teve eu procurar água de poço e mina para o uso.
Todo o município passou por esse tempo de privação e ainda hoje sofre com o abastecimento da água, com relatos frequentes problemas da qualidade da água. Ainda assim, a população do município não é reconhecida como atingida pelo crime da Samarco/Vale.
A razão é que pouco depois do rompimento da barragem a Copasa vem afirmando que a falta de água em Periquito não teve causas relacionadas com o crime. Desde então, os moradores lutam pelo seu reconhecimento enquanto atingidos pela questão da água, que lhes daria direito de acesso ao PIM ÁGUA, Programa de Indenização Mediada. O município já é reconhecido pelas questões de pesca e produção.
No dia 22 de maio, a população protocolou na Copasa um ofício exigindo da empresa um novo documento admitindo que os problemas de abastecimento de água tenham sido consequência do rompimento da Barragem de Fundão, com pedido de retorno no dia 30 do mesmo mês. Na ocasião, os funcionários afirmaram que ainda não obtinham a resposta, o que obrigou os moradores a cobrar na porta da empresa a resposta.
A resposta veio por e-mail, reafirmando que não há ligação nenhuma entre o crime e a falta de abastecimento de água à população, usando como justificativa a crise hídrica. Um morador de Periquito, que prefere não se identificar, explica que há realmente um período de falta de chuvas, que afeta a represa que abastece o município. A Prefeitura e a Copasa sempre pegaram água do Rio Doce para aumentar a represa, e aquele ano só tinha lama no rio, lamenta.
A população em manifestação afirma que têm claro seus direitos de atingidos pela questão da água e aponta que com a resposta negativa de hoje continuarão fazendo luta. Vamos pressionar para garantir nosso direito de ser reconhecido pela falta de água que sofremos, garante um manifestante. A população está reunindo documentos, vídeos e depoimentos eu comprovem a relação entre o rompimento da barragem em Mariana e a falta de água que sofreram os moradores.