Atingidas lutam em defesa da soberania, democracia e direitos

As mulheres organizadas no MAB se somaram a dezenas de atividades espalhadas por todo o país As mulheres foram as primeiras a sentiram as consequências do golpe instaurado em 2016, […]

As mulheres organizadas no MAB se somaram a dezenas de atividades espalhadas por todo o país


As mulheres foram as primeiras a sentiram as consequências do golpe instaurado em 2016, quando uma bancada conservadora, amparada pelo judiciário, retiraram a primeira presidenta democraticamente eleita Dilma Rousseff. Aumento do desemprego, perda de direitos trabalhistas, ofensiva sobre a previdência, ataque sobre a educação e projetos conversadores sobre o corpo e saúde das mulheres são apenas algumas das batalhas cotidianas vivenciadas nos últimos dois anos.

Nesta quinta-feira (8), Dia Internacional de Luta das Mulheres, milhares saíram às ruas de todo o Brasil com diversas reivindicações que convergem no combate à violência e mais direitos às mulheres. As atingidas por barragens se somaram em diversos atos pelo país, organizados conjuntamente com a Frente Brasil Popular e Via Campesina.

As mulheres do MAB denunciaram, principalmente, os preços abusivos do gás e fizeram a defesa da água como um bem público. Na próxima semana, as atingidas também participarão do Dia Internacional de Luta Contra as Barragens (14) e do Fórum Alternativo Mundial da Água (17 à 22), em Brasília (DF).

De acordo com Daiane Hohn, da coordenação do MAB, as mulheres são as principais prejudicadas da atual conjuntura política. “Nós somos as principais vítimas do golpe e do ataque do capital sobre o nosso país, que afeta diretamente nossos direitos. Atualmente, sofremos na pele um aumento exponencial da violência e exploração do capital sobre as nossas vidas e a natureza”, afirma.

Confira abaixo algumas atividades que ocorreram durante o dia pelo país:

RONDÔNIA

Logo no início da manhã, mais de 500 mulheres da Via Campesina (MAB, MST, MPA E CPT) trancaram o acesso aos postos de abastecimento de gasolina e gás de Porto Velho, localizados na área portuária da capital, na entrada do Belmonte. Com isso, todo o tráfego dos caminhões para abastecimentos foram paralisados, deixando a população com trânsito livre para os bairros.

A ação, organizada pelas mulheres, denunciou o golpe e os altos valores das tarifas pagas pelo povo, especialmente a do gás de cozinha, que em algumas regiões do estado chegam a custar 90 reais por cada botijão de 13 kg.

Após esse ato, mais de mil mulheres da Frente Brasil Popular, do campo e da cidade, realizaram uma grande marcha com o tema “Mulheres de Rondônia na Luta”, contra a retirada de direitos. Elas denunciaram a reforma da previdência, contra o aumento abusivo do preço do gás, gasolina e luz, contra a privatização das estatais, cortes na educação e saúde pública.

Foi feita um ação contra a privatização da CERON, distribuidora de energia de Rondônia, e logo em seguida outra parada na Delegacia da Mulher, com a renomeação do nome da rua da delegacia para Nilce de Souza Magalhães, a Nicinha, militante do MAB assassinada por lutar pelos seus direitos. Por fim, a marcha seguiu ao palácio do governo do Estado de Rondônia em solidariedade aos professores em greve.

PARÁ

Em Altamira (PA), as atingidas por Belo Monte fizeram um marcha pela cidade para denunciar o aumento da violência contra mulheres e jovens decorrentes da construção da hidrelétrica. Por culpa da usina, Altamira se transformou no município mais violento do Brasil.

Após a caminhada, as atingidas organizadas pelo MAB ocuparam o auditório do Palace Hotel, onde a Norte Energia, consórcio responsável pela hidrelétrica, realizava uma reunião a portas fechadas para tratar sobre as pendências nos reassentamentos urbanos coletivos. 

Nesses locais, sob responsabilidade da Norte Energia, falta água, iluminação pública, transporte de qualidade e são os bairros onde há o maior índice de violência contra as mulheres na cidade. O MAB denunciou essa situação e cobrou ações da empresa para enfrentar esse problema.

Já em Belém, cerca de 2 mil mulheres realizaram uma marcha pelas ruas da capital. Desde o dia 6, os movimentos participaram de uma audiência pública sobre o combate à violência contra a mulher e diversos debates sobre feminismo, projeto popular, preconceito, entre outros temas.

Além disso, as mulheres do MAB, MST e Levante Popular da Juventude fizeram uma ação para denunciar o crime ambiental e social da mineradora Hydro Alunorte, responsável pela contaminação da água em Barcarena (PA). As mulheres e jovens dos movimentos tingiram de lama a fachada do escritório da empresa. 

CEARÁ

Mais de 5 mil mulheres da Frente Brasil Popular se mobilizaram hoje em Fortaleza, marchando nas ruas do centro contra o golpe, as reformas e a violência contra as mulheres. Além disso, levantaram a bandeira da democracia e da vida.

PIAUÍ

Em Teresina (PI), mulheres camponesas ocupam o prédio do INCRA desde terça-feira (6) para reivindicar seus direitos. Nesta quinta-feira (8), Dia Internacional de Luta das Mulheres, ocorreu um ato unitário coordenado pela Frente Brasil Popular, no qual as mulheres marcharam pelas ruas da capital em defesa da Democracia e da Soberania Nacional, além de denunciar as violências sofridas pelo avanço do capitalismo sobre suas vidas.

RIO DE JANEIRO

Cerca de 800 mulheres de diversos movimentos populares realizaram, na manhã desta quinta-feira (8), um protesto no parque gráfico das organizações Globo no Rio de Janeiro (RJ). Elas denunciaram o papel da imprensa no golpe de Estado instaurado em 2016 e reivindicaram a garantia de eleições livres e democráticas.

O protesto foi organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Levante Popular da Juventude, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).

Para Ana Carolina Silva, integrante do Levante Popular da Juventude, as empresas de comunicação — ao contrário dos sistemas político e judiciário, que também tiveram participação direta no golpe — não estão sendo associadas a este processo.

“Para nós, a mídia, principalmente na figura da Rede Globo, representa um inimigo que sai extremamente ileso, inclusive porque controla a informação, faz a disputa ideológica e que hoje é um partido político na condução do golpe”, explicou a militante.

SÃO PAULO

Desde as 16 horas, milhares de mulheres se concentram na Praça Oswaldo Cruz, na Avenida Paulista, na capital paulista, para um ato que pretende rechaçar a tentativa de reforma da previdência e pautar a água como um bem público.

RIO GRANDE DO SUL

Na semana do dia 8 de março, Dia Internacional de Luta das Mulheres, ocorreu diversas ações pelas regiões do estado do Rio Grande do Sul, com a presença de mulheres do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e das organizações parceiras da Via Campesina e Frente Brasil Popular.

Na manhã desta quinta-feira, as mulheres do acampamento montado desde terça-feira (6) se somaram com trabalhadoras urbanas no centro de Porto Alegre e realizaram uma Marcha Unificada pelo fim da Violência contra as Mulheres, contra a Reforma Trabalhista e da Previdência e em defesa da Democracia e Soberania Nacional. As mulheres também protestaram em frente à Prefeitura de Porto Alegre, do Palácio do Piratini e Assembleia Legislativa e do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4).

Pelo interior do estado também ocorreram outras ações no decorrer desta quarta-feira (8). Na cidade de Alecrim (RS) foi realizado um encontro das mulheres ameaçadas pelo Projeto binacional Garabi e Panambi, com exibição do filme “Arpilleras: atingidas por barragens bordando a resistência”, com debate sobre a violação de direitos na vida das mulheres atingidas. Em Alecrim também ocorreu audiência das mulheres do MAB com o prefeito municipal, que recebeu as demandas na área da produção agrícola e geração de renda.

Na cidade de Erechim (RS) também houve luta neste dia 8, onde as mulheres atingidas se somaram com as demais trabalhadoras das organizações da Frente Brasil Popular e realizaram panfletagem e um ato no centro da cidade dialogando com toda a população erechinense sobre as reformas do governo Temer e os ataques a Democracia e a soberania do país.

SANTA CATARINA

Aproximadamente 200 mulheres da Via Campesina participaram de ato no centro do município de Chapecó, em defesa dos direitos das mulheres e contra os projetos de retirada de direitos do governo golpista.

PARANÁ

Mulheres do campo e da cidade do Sudoeste do Paraná foram às ruas neste 8 de março em defesa da democracia, pela soberania e para dizer ‘não’ a nenhum retrocesso, com o lema “Nenhum direito a menos, nenhuma a menos”.

O Ato foi organizado pelo Coletivo Regional de Mulheres e pelo Fórum Regional das Entidades do Campo e da Cidade do Sudoeste do Paraná.

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| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

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