60% são investigados, confira o perfil do Senado
Entre os 81 senadores que votarão o impeachment, 47 (58%) têm ocorrências na Justiça ou em Tribunais de Contas por suspeitas ou acusações que vão de improbidade administrativa (em sua […]
Publicado 11/05/2016
Entre os 81 senadores que votarão o impeachment, 47 (58%) têm ocorrências na Justiça ou em Tribunais de Contas por suspeitas ou acusações que vão de improbidade administrativa (em sua maioria) a corrupção passiva, passando por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
Foto: Jane de Araújo/Agência Senado
É o que revela uma análise feita pela BBC Brasil de dados como sexo, formação e número de mandatos dos 81 senadores. O levantamento descobriu ainda que a maioria dos parlamentares têm longa carreira política, com passagens por Câmara e cargos no Executivo, e que vários pertencem a “clãs” familiares.
Confira a análise completa:
80% do Senado é composto de homens brancos
A votação do impeachment na Câmara dos Deputados já tinha mostrado que a grande maioria da Casa é formada por homens brancos.No Senado, não é diferente. Dos 81 senadores, 64 são homens brancos, seis são homens negros, e 11 são mulheres (sendo uma delas negra).ormado por grande maioria de homens brancos
Os números contrastam com a realidade da sociedade brasileira: de acordo com os dados mais recentes do IBGE, 54% da população é negra 51% são mulheres.
A idade média dos senadores é 60,5 anos. Três em cada dez são formados em Direito.
Segundo o site do Senado, 68 membros da Casa têm curso superior completo, um dado que também contrasta com a configuração do país, onde, segundo a última Pnad (Pesquisa Nacional de Domicílios) do IBGE, apenas 16% possuem ensino superior completo.
58% dos senadores são citados na Justiça ou em Tribunais de Contas
Entre os 81 senadores que votarão o impeachment, 47 (58%) têm ocorrências na Justiça ou em Tribunais de Contas por suspeitas ou acusações que vão de improbidade administrativa (em sua maioria) a corrupção passiva, passando por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, segundo levantamento do projeto Excelências, da ONG Transparência Brasil.
Os partidos com o maior número de senadores citados são: PMDB (10), seguido por PT (9), PSDB (6), PR (6) e PP (5).
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
Senadores vêm de ‘dinastias’ políticas e têm longa carreira política
Apesar de 65% dos senadores estarem em seu primeiro mandato, a maioria deles tem longa carreira política ou já foi deputado por mais de uma vez ou exerceu cargos importantes no Executivo, como o de governador.
Segundo o cientista político Manoel dos Santos, vice-coordenador do Centro de Estudos Legislativos da UFMG (federal de Minas Gerais), a carreira e a projeção conseguida por ela é necessária para conseguir votos, pois o senador é eleito pelo número de votos no seu Estado. Na Câmara, para ser eleito, o candidato depende não apenas dos votos que recebe, mas também dos recebidos por seu partido ou coligação.
Muitos deles carregam também sobrenomes de peso. Dados da Transparência Brasil mostram que 60% dos senadores têm parentes na política, mais do que os deputados (49%).de impeachment que sofreu, Collor voltou à política em 2006, como senador de Alagoas
Entre os “clãs” mais numerosos na política estão os de Cássio Cunha Lima (5 parentes), do presidente do Senado, Renan Calheiros (4 parentes), e o de Jader Barbalho (3 parentes).
Bancada ruralista é predominante
Quase 30% do Senado é ruralista. A informação é do Projeto Excelências, da Transparência Brasil. A bancada é uma das maiores na Casa, ao lado do grupo formado por concessionários de rádio e TV (23,5%). A bancada dos sindicalistas é a terceira, mas fica afastada das duas primeiras, com 11%.
As eleições para o Senado Federal são majoritárias, ou seja, só são eleitos os senadores que recebem a maioria dos votos diretos, enquanto na Câmara as eleições são proporcionais e candidatos menos votados têm chances de ocuparem as cadeiras por conta do quociente eleitoral.
Ainda assim, é possível chegar ao Senado sem receber voto algum, por causa do sistema de suplência.
Quando se elege um senador, o suplente é eleito junto. Muitos suplentes que compõem a chapa dos senadores são financiadores das campanhas ou familiares (esposa, filho, neto, etc). Existe até uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que visa impedir que cônjuges ou pessoas com vínculo sanguíneo possam compor as chapas dos senadores, mas ela está parada na Câmara desde 2013.
Em oito anos de mandato, é muito comum o senador eleito deixar o posto para ocupar outro cargo às vezes no governo federal, como ministro, às vezes em um governo estadual ou municipal. Com isso, o suplente (que, em geral, não é conhecido pelo eleitorado) acaba assumindo a cadeira em seu lugar.
Por exemplo, dos 54 senadores que foram eleitos em 2010 para um mandato que teria oito anos, 20 acabaram deixando suas funções temporariamente em 2014 para concorrer a eleições em outros cargos para governador, principalmente.
Atualmente, existem 11 suplentes o equivalente a 13,5% do Senado ocupando as vagas de senadores eleitos pelo voto.
*com informações da BBC