Liderança indígena contra as barragens é assassinada em Honduras
Movimentos de atingidos por barragens da América Latina lamentam a morte da companheira Berta Cáceres. Confira a nota: Para nossos mortos, nenhum minuto de silêncio! A coordenadora do Conselho de […]
Publicado 03/03/2016
Movimentos de atingidos por barragens da América Latina lamentam a morte da companheira Berta Cáceres. Confira a nota:
Para nossos mortos, nenhum minuto de silêncio!
A coordenadora do Conselho de Povos Indígenas de Honduras (COPINH), Berta Cáceres, foi assassinada na madrugada desta quinta-feira (3) por pessoas ainda desconhecidas. O membro da Coordenação Geral da COPINH, Tomas Membreño, informou que a líder foi assassinada em La Esperanza, Intibucá, por volta da 1h da manhã por homens que invadiram a sua casa.
Berta Cáceres recebeu, em abril do ano passado, o prêmio Goldman, considerado o Nobel do Meio Ambiente, por sua atuação junto aos povos indígenas. Na ocasião do prêmio, Berta afirmou ao jornal espanhol El Diario que é muito fácil matar alguém em Honduras.
“Neste país impune, responsável por graves violações de direitos humanos, nós, que lutamos pela terra, pela água, pelo território e pela vida, para que não caiam em mãos privadas e sejam destruídos, colocamos nossas vidas em risco. É muito fácil que matem alguém por aqui. O custo que pagamos é muito alto. Mas o mais importante é que temos uma força que vêm de nossos ancestrais, herança de milhares de anos, da qual estamos orgulhosos. Esse é o nosso alimento e nossa convicção na hora de lutar”, afirmou Berta.
A liderança liderou um feito histórico junto com o povo Ienca: conseguiu expulsar a maior empresa construtora de represas do mundo, a chinesa Sinohydro. Após muitos anos de luta, os integrantes da comunidade Río Blanco conseguiram expulsar o projeto hidrelétrico previsto para o rio Gualcarque.
Após o golpe militar sobre o ex-presidente Manuel Zelaya, os assassinatos e perseguições políticas contra lideranças sociais aumentaram significativamente. Também de acordo com o jornal El Diario, a investigação “Quantos mais?” indicou que Honduras é o país mais perigoso para ativistas sociais.
Nas vésperas do 8 de março, dia internacional de luta das mulheres, os movimentos de atingidos por barragens da América Latina recebem com pesar a morte desta importante liderança indígena latino-americana.
No Brasil, vivemos uma perda semelhante com o desaparecimento da companheira do Movimento dos Atingidos por Barragens, Nicinha. Passados dois meses sem notícias da liderança de Porto Velho (MAB), que liderava a resistência contra a truculência das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, ainda não obtivemos nenhuma resposta dos órgãos responsáveis.
Nesse mês de março, data internacional de luta contra as barragens, faremos da memória dessas lutadoras a força para seguir na resistência. Para os nossos mortos, nenhum minuto de silêncio.
Mulher, água e energia não são mercadorias!
Berta Cáceres: presente!
Nicinha: presente!
Assinam a nota:
Movimiento de los Afectados por Represas (MAR)
Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)
MAPDER Movimiento Mexicano de Afectados por Presas en Defensa de los Rios, México
Movimiento Colombiano en Defensa de los Territorios y Afectados por Represas – Ríos Vivos, Colômbia
Movimiento Amplio por la Dignidad y la Justicia (MADJ), Honduras
MOCICC, Peru
Bios Iguana A.C., México
LA VIDA, México
Red Nacional para la Defensa del Agua-Panamá
Funprocoop, El Salvador
Forum Solidaridad Peru
Patagonia sin represas, Chile
Otros Mundos Chiapas, México
Patria Grande, Argentina