Mar de lama

por Neudicléia de Oliveira, de Linhares Fotos: Leandro Taques A lama tóxica que invadiu o Rio Doce com o rompimento da barragem da Samarco (Vale/BHP Billiton) no dia 5 de […]

por Neudicléia de Oliveira, de Linhares

Fotos: Leandro Taques

A lama tóxica que invadiu o Rio Doce com o rompimento da barragem da Samarco (Vale/BHP Billiton) no dia 5 de novembro, atualmente rodeia uma extensa faixa litorânea do Espírito Santo e tem gerado uma onda de indignação nos capixabas.

O distrito de Regência, no município de Linhares, era um lugar que dependia basicamente do turismo devido às belas paisagens. Hoje, depois da chegada da lama, a população vive revoltada com a situação da comunidade: os rejeitos de mineração continuam devastando o litoral e interditando as praias.

A funcionária pública municipal, Bruna Cordeiro dos Santos, de 29 anos, nasceu e se criou junto à Foz do Rio Doce. Entretanto, relata com muita tristeza a situação atual da região. “Hoje o rio Doce e esse mar representam a morte e desespero. Quando essa lama começou a chegar logo veio o sentimento de luto e muita angústia, porque jamais imaginamos que um dia aconteceria isso. É muito difícil falar para meu filho de 6 anos que ele não pode mais tomar banho no mar, porque desde sempre era essa a nossa rotina”, lamenta Bruna.

Para a capixaba, essa tragédia foi uma irresponsabilidade social que poderia ter sido evitada. Além disso, a falta de informação da mineradora tem gerado ainda mais insegurança na população. “A gente fica sem resposta nenhuma porque a Samarco faz o que ela acha que é o trabalho dela e ninguém fica sabendo nada. Estão fazendo a análise da nossa água, mas não dão retorno se está boa ou não. Cada dia que vai passando parece que nós estamos sendo mais esquecidos”, opina Bruna.

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| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

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