E as crianças lutam

da Comunicação do 6º Encontro dos Movimentos Sociais de Minas Gerais Nos movimentos sociais, as crianças têm atenção especial. Enquanto os adultos participam de atividades e discussões, elas recebem todos […]

da Comunicação do 6º Encontro dos Movimentos Sociais de Minas Gerais

Nos movimentos sociais, as crianças têm atenção especial. Enquanto os adultos participam de atividades e discussões, elas recebem todos os cuidados num espaço que mistura o lúdico e o pedagógico: as cirandas.

Ali elas se alimentam, brincam e aprendem. Os cirandeiros e cirandeiras se revezam em tarefas que asseguram a proteção à saúde, a segurança e, também, a formação cidadã dos pequenos. São realizadas atividades recreativas para abordar os mais diversos temas que permeiam as lutas sociais.

Meninos e meninas não têm diferenciação. Nas cirandas os brinquedos não são separados por gêneros e todas as tarefas são distribuídas igualmente entre homens e mulheres. As crianças fazem trabalhos de conhecimento e reconhecimento das bandeiras sociais, com o objetivo de compreenderem o trabalho de seus pais. Elas também contribuem com sugestões que podem ser inseridas nas reivindicações dos movimentos.

“A finalidade da ciranda é formar a criança como pessoa e futuro militantes de lutas para construir um mundo melhor”, explica um dos cirandeiros do 6º Encontro dos Movimentos Sociais, Guilherme Camponês, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

É nesse espaço que as crianças recebem uma educação politizada, com foco nas pautas sociais. Como Guilherme Camponês lembra, o ensino oficial também tem uma posição política contrária aos movimentos: ele busca despolitizar o cidadão.

Para fazer esse trabalho, os cirandeiros buscam reciclar permanentemente os conhecimentos de metodologias pedagógicas de ensino. Dentre as atividades desenvolvidas nesses círculos são feitas contações de histórias, colagens, desenhos, pinturas, dinâmicas de debates, além das tradicionais brincadeiras infantis com bola, danças e outras. “As cirandas são muito importantes porque ao mesmo tempo que libera os adultos para as atividades do movimento, contribuem para a formação de novos militantes e na educação de nossas crianças”, analisa o cirandeiro.

Dandara – um exemplo de militante mirim
Desde o útero de sua mãe, Dandara participa de lutas sociais – primeiro no Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) e, desde os 5 meses de vida, no MAB. Hoje, aos 10 anos, apresenta uma maturidade política e uma consciência cidadã que faz espantar muitos adultos.

Ao contrário do que se pode imaginar, ela não reclama das dificuldades impostas aos militantes que abandonam suas demandas pessoais para enfrentar os desafios da luta social. Dandara não cita o frio, o desconforto ou qualquer outra restrição material presente nos movimentos. “É cansativo, mas já sei que tem que ser feito. Estamos lutando para todo mundo e não só para nós”, resume a pequena.

Ainda tão jovem, Dandara já coleciona histórias para contar e se destaca como uma militante mirim. “Quando pequena, eu gostava muito de pegar o microfone”. Aos 4 anos, numa manifestação na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, ela puxou o coro dos manifestantes: “a mulher deixou o fogão pra fazer revolução”.

Ela gosta de participar das cirandas e destaca a importância do espaço de maneira surpreendentemente madura. “Desde pequenos já fazemos o bem, ajudando o país. Somos aqueles que vão lutar no futuro, que vamos construir um Brasil melhor”.

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