Via Campesina ocupa distribuidora de energia em Porto Alegre

Movimentos sociais exigem o cancelamento imediato dos aumentos nas contas de luz, que sofreram reajuste de 37% da Companhia Estadual de Energia Elétrica.  Após marchar pelas ruas de Porto Alegre, no […]

Movimentos sociais exigem o cancelamento imediato dos aumentos nas contas de luz, que sofreram reajuste de 37% da Companhia Estadual de Energia Elétrica. 


Após marchar pelas ruas de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, camponeses da Via Campesina ocuparam, na tarde desta quarta-feira (11), a sede da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE). Os movimentos reivindicam o cancelamento dos reajustes tarifários na conta de energia elétrica da população gaúcha.

Neste momento, uma comissão de 10 lideranças é recebida pelo presidente da CEEE, Paulo de Tarso Pinheiro Machado, para apresentar a pauta de reivindicações.

Desde o início do março, mais de um milhão de casas atendidas pela distribuidora estatal sofreram aumentos de 37% nas tarifas até o momento. Este aumento ocorreu devido ao “reajuste extraordinário” e a implementação do “sistema de bandeiras tarifárias”.

De acordo com Cecilia Zarth, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), os camponeses alegam que pagam um preço muito alto em suas casas por uma energia elétrica de péssima qualidade, tendo muitos prejuízos desde a produção agrícola e nos serviços domésticos. “Além dos atingidos e camponeses, a população da periferia, da cidade, não aguenta mais pagar cada vez mais caro pela energia elétrica”, afirma Cecília.

O protesto também denuncia o cancelamento dos reajustes praticados pelas outras duas distribuidoras do estado, que serão ainda maiores que da CEEE. Somados a revisão extraordinária e as bandeiras tarifárias, a Rio Grande Energia S/A (RGE) aumentará em 50% as tarifas, enquanto os consumidores residenciais atendidos pela AES Sul terão reajuste de 55% nas contas.

Considerando a receita e os devidos aumentos proporcionais para cada uma das distribuidoras, neste ano, as residências terão que desembolsar a mais cerca de R$ 1,7 bilhão. Na média, cada família gaúcha gastará a mais no orçamento anual aproximadamente R$465,00, o que equivale a 60% do salário mínimo.

Garabi e Panambi

Os manifestantes também pedem a paralisação definitiva do Complexo Hidrelétrico Garabi e Panambi, previsto para ser construído no trecho do rio Uruguai que faz fronteira com a Argentina.

Propostas pelas empresas estatais de energia, a brasileira Eletrobrás e a argentina Ebisa, as hidrelétricas estão orçadas em 5 bilhões de dólares, ou algo em torno de 13 bilhões de reais, que será financiado em grande parte pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). 

De acordo com estimativas oficiais, 12 mil pessoas poderão ser atingidas diretamente pelos lagos das barragens, que cobrirão de água 96 mil hectares, área maior que a alagada pela Usina Hidrelétrica de Belo Monte.

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| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

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