Aqueles que lutam a vida toda… se tornam eternos

Há tantas vozes que se calam por conveniência. Há tantas vozes que são caladas, ainda tenras, pela força da prepotência bruta e, na brevidade do tempo, se tornam eternas. Mas há vozes que se fazem maduras, espalham muitas sementes, e, mesmo quando soltam seu último suspiro, continuam jovens, extremamente jovens, na força da memória.

Dom Tomás é um desses, falecido aos 91 anos.

Tomás continua, agora, fazendo parte da memória viva e subversiva do Evangelho e do povo lutador, semelhante a Hélder, Luciano, Margarida, Dorothy, e algumas outras e outros. São muitos, mas não tantos! Porém capazes de sacudir o sistema e os corações e contribuir para o autêntico progresso.

Desenvolvimento verdadeiro é soberania, pátria grande, qualidade de vida para o povo, liberdade!

Dom Tomás nasceu em Goiás, no dia 31 de dezembro de 1922. Em 1965, ano em que terminou o Concílio Vaticano II, foi nomeado Prelado de Conceição do Araguaia. Lá viveu seus primeiros conflitos com grandes empresas agropecuárias, que se instalaram na região com incentivos fiscais da então SUDAM. Essas empresas invadiam terras indígenas, expulsavam sertanejos e posseiros e traziam trabalhadores de outros Estados, especialmente do Nordeste, submetidos a situações análogas à escravidão.

Tomás foi pessoa decisiva na fundação do CIMI (1972) e a CPT (1975). Nas duas, ele sempre teve atuação destacada. A Assembleia Geral da CPT, em 2005, o nomeou conselheiro permanente.

Em nome das atingidas e atingidos por barragens de todo o Brasil, resta-nos agradecer a Dom Tomás Balduíno pelo trabalho, pela luta incansável e pelo apoio que recebemos durante toda sua vida. São grandes os exemplos que nos ensinou em sua estada entre nós.

Lutou a vida inteira, pelo bem, pelo justo, em defesa dos oprimidos.

Nossa forma de agradecer é afirmar que seguiremos a luta, contra todas as estruturas injustas de nossa sociedade.

Águas para a vida!

Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)