MST e MAB ocupam quatro fazendas no RS

Ações fazem parte da Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária; o número de famílias mobilizadas passa de 800 Cerca de 800 famílias do MST e do Movimento dos Atingidos […]

Ações fazem parte da Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária; o número de famílias mobilizadas passa de 800

Cerca de 800 famílias do MST e do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) ocuparam quatro fazendas nessa terça-feira (28), nas regiões Norte e Sul do Rio Grande do Sul.

Foram ocupadas fazendas nos seguintes municípios: Capão do Leão, a fazenda Galapéia, de 3 mil hectares, com 150 famílias; em Pelotas, a fazenda da Palma na Colônia Z3, de 2 mil hectares, com 150 famílias; em Catuípe, a fazenda da Família Cabral, com 863 hectares, por 80 famílias; em Cruz Alta, na região noroeste, uma área de 104 hectares que pertenceria à Varig, com cerca de 100 famílias e em Passo Fundo, uma fazenda do advogado Maurício Dal Agnol, foragido da Justiça brasileira, de 300 hectares, por 150 famílias do MST e MAB.

Os 300 hectares ocupados em Passo Fundo, no Norte do Estado, pertencem ao advogado Maurício Dal Agnol, foragido da Justiça brasileira. A área fica ao lado do Centro Hípico e Haras MD, também de Dal Agnol, às margens da RST-153.

De acordo com o vereador Paulo Pinto, do PT de Esmeralda, e um dos líderes da ação, as famílias que estão na fazenda são agricultores da região de Pinhal da Serra, onde foi construída a Usina Hidrelétrica Barra Grande. Ele afirma que há mais de um ano o cadastro para assentamento não é movimentado.

“As famílias que estão aqui são pessoas que plantavam junto ao rio e que foram obrigadas a deixarem suas casas, ou por ordem judicial ou por falta de informação. Hoje, elas moram nas cidades, estão desempregadas”, justifica o vereador afirmando que a fazenda escolhida para o protesto foi feita “a dedo”.    “Só no meu município, 18 famílias foram lesadas por esse homem que se diz advogado”, conclui.

O agricultor Valdir Rocha, atingido pela construção da Barragem de Barra Grande,  diz que as barragens são “fábricas de sem terra” pois de cada 10 famílias atingidas, somente três recebem algum tipo de indenização. “ Não nos sobra outra opção a não ser lutar contra as barragens, e  no caso delas  serem construídas ir a luta para conquistar outra terra. Precisamos trabalhar, sustentar a família e produzir alimentos para a população da cidade”, finaliza Rocha.
Os manifestantes reivindicam o cadastramento das novas famílias Sem Terra acampadas no Rio Grande do Sul e um convênio com o governo federal e estadual para o assentamento dos Sem Terra no estado.

Hoje ocorrerá uma reunião em Brasília com o ministro Miguel Rosseto, onde será discutida, dentro da pauta nacional, a aquisição de terras no RS e a assinatura do convênio com o governo do RS/ INCRA. O convenio permitirá que o INCRA entre com os recursos, mas é de responsabilidade do estado desapropriar por utilidade pública essas áreas. O INCRA ainda iniciou uma negociação com o proprietário e fez uma oferta para adquirir uma área de 2 mil hectares indicada pelo MAB e vistoriada pelo INCRA.

Em Santa Maria, integrantes ocuparam o pátio da superintendência da Caixa Federal, na Rua General Neto. Cerca de 150 pessoas bloquearam o acesso de entrada dos funcionários. Apenas servidores que estão dentro do prédio podem sair.

Segundo Cedenir de Oliveira, da coordenação nacional do MST, as ocupações representam a continuidade da luta pela terra no estado e tem o objetivo de recolocar a Reforma Agrária na pauta do governo federal.

As ações fazem parte da Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária, que este ano concentra a maior parte de suas ações entre os dias 28 a 10 de maio, ao relembrarem os 18 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, quando 21 trabalhadores rurais Sem Terra foram brutalmente assassinados pela Polícia Militar, no município de Eldorado dos Carajás, no Pará, em 1996.

 

Com informações da Página do MST

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