Atingidas por barragens participam de oficina de Arpillera na Argentina

Um grupo de mulheres do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) participou, na última semana, da oficina “Arpillera” em Buenos Aires, capital argentina. A atividade faz parte do projeto de […]

Um grupo de mulheres do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) participou, na última semana, da oficina “Arpillera” em Buenos Aires, capital argentina. A atividade faz parte do projeto de resgate da técnica de costura e arte, utilizada por mulheres chilenas para denunciar as atrocidades da ditadura militar, pelas atingidas por barragens do Brasil.

O objetivo é realizar diversas oficinas de formação da técnica para que as atingidas por barragens possam contar suas histórias, retratando o processo de violações dos direitos humanos na construção de hidrelétricas no Brasil.

No início da oficina, houve a retomada histórica das Arpilleras e, consequentemente, da luta das mulheres chilenas. Essa é uma técnica antiga que surgiu a partir de uma tradição popular de Isla Negra, no Chile, onde grupos de mulheres se reuniam para produzir peças de bordados como forma de subsistência.

Durante a ditadura, diversos grupos de mulheres se apropriaram das arpilleras e transformaram uma atividade tipicamente familiar em uma arma de comunicação contra a repressão comandada por Augusto Pinochet.

Posteriormente, o grupo seguiu para uma visita à exposição “Retazos Testimoniales Arpilleras de Chile y otras latitudes”, exibida em um marco importante para a militância latino-americana, o Parque de La Memoria, local onde se recordam os mortos e desaparecidos na luta por justiça e igualdade. Com a facilitação da chilena Roberta Bacic, as atingidas conheceram o contexto histórico de centenas de Arpilleras de todo o mundo.

Como produto final da oficina, as militantes do MAB produziram uma Arpillera que demonstra a violação de direitos das mulheres na construção de hidrelétricas no Brasil. De acordo com Talita Silva, de Minas Gerais, este trabalho servirá para instigar as demais mulheres atingidas para o trabalho pela igualdade de gênero. “Vamos fortalecer, em todas as regiões, o protagonismo das mulheres na construção do movimento”, afirmou.

 

Para trabalhar com a arte da Arpillera com as mulheres atingidas por barragens, o MAB, em parceria com a União Europeia, DKA Austria, Horizont 3000 e SEI SO FREI, lançou um programa para diminuir o risco de violações dos Direitos Humanos Econômicos, Sociais, Políticos, Culturais e Ambientais (DHESCA) e de empobrecimento das comunidades atingidas pelas barragens no Brasil.

A coordenadora MAB, Esther Vital, salientou que o projeto irá beneficiar diretamente 10 mil atingidos das regiões norte, nordeste, sudeste e sul, intensificando as denúncias de violações dos direitos humanos. “O projeto estudará áreas específicas atingidas por barragens em quatro regiões do país, com o objetivo de denunciar as violações cometidas e construir uma formação com atingidos e atingidas para que eles possam se tornar defensores e formadores em direitos humanos”, explicou.

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| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

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