‘Nossa paciência tem limite’, desabafa camponês atingido por Belo Monte

Famílias atingidas pela barragem de Belo Monte moradoras na área rural de Assurini, que soma aproximadamente 30 mil pessoas, se reuniram ontem (12/11) no Centro de Formação Irmã Dorothy para […]

Famílias atingidas pela barragem de Belo Monte moradoras na área rural de Assurini, que soma aproximadamente 30 mil pessoas, se reuniram ontem (12/11) no Centro de Formação Irmã Dorothy para dar mais um passo na construção de sua pauta.

Esse encontro das famílias que vêm se organizando no MAB ocorreu após diversas reuniões e visitas e contou com a presença de membros de várias comunidades prejudicadas pela hidrelétrica.  Grande parte da região é atingida pelo lago e pela área de preservação.  

Entre os principais pontos reivindicados pelos atingidos está o reassentamento coletivo e a construção de ponte no Xingu, num trecho de aproximadamente 5 km. ‘Somos escravos da balsa, ela é que impõe o nosso horário. A gente é levado feito porco e seu preço é muito alto. É um absurdo uma região tão importante para Altamira ter que pagar ‘pedágio’ caro a empresa privada para ir à sede do próprio município’, desabafou Geraldinho, um dos moradores. Os atingidos querem também negociação coletiva, pois individualmente a Norte Energia (dona de Belo Monte) está enganando as pessoas. Dona Beatriz, uma senhora sem terra, recebeu proposta da empresa de 1.800 reais.

A empresa vem enrolando as pessoas desde o início de 2011. Foi assinado um Termo de Compromisso entre INCRA e Norte Energia em 2010, que coloca as ‘regras do jogo’ e é parte integrante do PBA – Plano Básico Ambiental da construção da usina, mas esse documento ficou escondido por dois anos e meio.

Apesar de ficar ao lado da barragem de Belo Monte, do outro lado do Xingu, Assurini carece até hoje de políticas públicas básicas como educação, saúde, moradia, transporte. A energia está chegando através do Luz Para Todos, abrangendo em torno de 15% da área, mas as  tarifas estão salgadas. Uma veio com o valor de 1.600 reais. ‘Fui à Celpa e lá no sistema nós estamos como ‘convencional’ e a gente sabe que aqui é ‘baixa renda’, disse Horaci. Ele ainda se mostrou indignado com o pagamento de iluminação pública: ‘a funcionária da Celpa me perguntou se aqui não tinha lâmpada na rua, eu falei que aqui não tem nem estrada! Só se a gente pagar pela pelo clarão da lua’, brincou.

Foi tirado um próximo encontro para o dia 3 de dezembro. As famílias organizadas no Movimento estão convocando o INCRA, a Norte Energia, o IBAMA, a Celpa, Prefeitura de Altamira e outros para dar explicações sobre esses desmandos. ‘Queremos resolver isso, pois nossa paciência tem limite’, disse Val, militante do MAB.

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