O povo paga muito caro pela energia elétrica
Nos últimos 20 anos, as tarifas de energia elétrica para residências aumentaram cerca de 202%, muito além da inflação (IPCA), que ficou em torno de 130% Por Gilberto Cervinski, de São […]
Publicado 03/09/2013
Nos últimos 20 anos, as tarifas de energia elétrica para residências aumentaram cerca de 202%, muito além da inflação (IPCA), que ficou em torno de 130%
Por Gilberto Cervinski, de São Paulo (SP), para o Brasil de Fato
Após a privatização da energia elétrica, as tarifas para população brasileira aumentaram muito e a qualidade do serviço diminuiu.
Nos últimos 20 anos, a energia elétrica foi privatizada e grandes corporações internacionais apropriaram-se de toda a cadeia, desde a geração até a distribuição.
Como consequência, as tarifas de energia elétrica para residências aumentaram cerca de 202%, muito além da inflação (IPCA), que ficou em torno de 130%.
O Brasil é um país onde o custo para produzir energia elétrica é bastante baixo, principalmente porque, em média, 80% dela é gerada através de hidrelétricas. No entanto, as tarifas brasileiras foram elevadas a preços internacionais e a população brasileira passou a pagar uma das tarifas mais altas do mundo.
Segundo o professor Dorival Gonçalves, professor da Universidade Federal de Mato Grosso, em 2012, as tarifas das residências brasileiras custavam em média R$ 0,33/KWh, sem contar o imposto, cerca de 25% mais caras que as tarifas pagas pelos consumidores residenciais da França, onde 76% da eletricidade é de origem nuclear, e cerca de 100% mais cara que as tarifas residenciais pagas em Washington, estado norte americano com matriz elétrica semelhante à brasileira.
Isso é resultado da implementação de um modelo privado, que privilegia o capital internacional especulativo e que transformou a venda da eletricidade em um negócio de altíssima lucratividade.
Neste modelo, as agências reguladoras, dentre elas a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), tem sido um espaço dos empresários para barganhar formas de aumentar as tarifas, sem contar nas manipulações e especulações que ali são legalizadas.
Assim, a conta de luz, que mensalmente chega a cerca de 60 milhões de residências, se transformou no principal instrumento para garantir as altas taxas de exploração e os extraordinários lucros dos empresários.
Eles dominam a cadeia de energia elétrica desde a construção das usinas até a geração, transmissão e distribuição de energia, dos especuladores da comercialização e dos grandes consumidores livres, que recebem energia mais barata que os consumidores residenciais.
Bilhões de lucro aos acionistas
Dados apontam que, nos últimos sete anos, apenas cinco empresas de energia elétrica remeteram aos seus acionistas lucro equivalente a todo o dinheiro gasto em um ano com educação no Brasil. São elas: a estadunidense AES Corporation, dona da AES Eletropaulo e da AES Tietê, a francesa Suez Tractebel, as brasileiras Camargo Correa e Cemig e a espanhola Iberdrola.
Um estudo realizado pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) constatou que nos últimos sete anos (2006/2012) as empresas AES Eletropaulo, AES Tietê, Suez Tractebel, CPFL Energia e Cemig, que atendem cerca de 35% da população brasileira, tiveram um lucro líquido total de R$ 45,7 bilhões de reais. Neste mesmo período, elas remeteram aos acionistas R$ 40,7 bilhões na forma de dividendos, 90% do lucro. Ou seja, no Brasil, os ganhos das empresas do setor elétrico são extraordinários e tudo é enviado aos acionistas na forma de lucro.
FOTO: João Zinclar