Qual o papel de um sindicato?
Num mundo cada vez mais mercantilizado, pautado pela lógica da rapidez das máquinas e marcado pela dura sobrevivência da maioria das pessoas perguntamos: Qual o papel de um sindicato? Pedro […]
Publicado 08/07/2013
Num mundo cada vez mais mercantilizado, pautado pela lógica da rapidez das máquinas e marcado pela dura sobrevivência da maioria das pessoas perguntamos: Qual o papel de um sindicato? Pedro Tierra lembra-nos que o ofício de poeta, de certo modo, pode se resumir na observação dos gestos humanos e na sua tradução pela subversão da palavra. Neste sentido, perguntamos: Qual a função de um sindicalista?
O sistema atual que regula a sociedade reduz o trabalhador a um mero vendedor da força de trabalho. De tal forma que o homem ou mulher trabalhadora são registrados, na maioria das empresas, como apenas mais um item de custo. Valendo, neste caso, a lógica de que para reduzir custos tanto faz uma matéria prima, uma mercadoria ou um trabalhador.
No nosso entendimento um sindicato deve atuar na contramão dessa perversa lógica e perceber o trabalhador, acima de tudo, como um ser humano na sua integralidade. Logo, a ação de um sindicato de caráter emancipador não deve se limitar a uma pauta de reivindicação. A luta dos trabalhadores deve suplantar as questões imediatas e corporativas.
Sem esquecer da origem do sindicalismo que nasce pela necessidade de garantir a subsistência do trabalhador, diante de um sistema cada vez mais excludente é preciso que façamos uma profunda reflexão sobre a atividade sindical. É preciso que discutamos qual o papel político de um sindicato, que permita olhar o trabalhador para além da raia economicista. Ou seja, um sindicato que tenha presença objetiva e subjetiva na vida do trabalhador.
Nessa perspectiva é possível tecer com os trabalhadores uma representação de classe que, além de reivindicar, atua num horizonte onde a cultura é compreendida como espaço genuíno da expressão humana, do exercício crítico e criativo. É possível vislumbrar uma instância de poder coletivo que estimula a solidariedade, o companheirismo e a prática da liberdade pela valorização da vida.
Pois, como diz o poeta: um sindicato deve ter sensibilidade para perceber estrelas e consciência para sacudir o chão.
Dino Gilioli – é poeta, dirigente do Sindicato dos Eletricitários de Florianópolis Sinergia e membro do Conselho de Administração da Eletrosul.