Ocupação de Belo Monte segue com reforços e apoio da sociedade
A ocupação do canteiro de obras de Belo Monte iniciada nesta segunda-feira (8) à noite por indígenas e pescadores continua ganhando reforço e apoios. Já se somaram são 80 indígenas […]
Publicado 10/10/2012
A ocupação do canteiro de obras de Belo Monte iniciada nesta segunda-feira (8) à noite por indígenas e pescadores continua ganhando reforço e apoios. Já se somaram são 80 indígenas de nove etnias e diversos pescadores e o acampamento agora conta com mais de 200 pessoas. Garimpeiros, camponeses, e outros moradores urbanos de Altamira também estão indo para o canteiro.
Segmentos organizados da sociedade e várias entidades estão se mobilizando para garantir alimento para os acampados e o apoio à ocupação cresce cada vez mais, afirma Antônio Claret, militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) na região.
Representantes da Funai e deledagos federais estiveram nesta tarde (10) no canteiro de obras de Belo Monte e ouviram por duas horas os pescadores e indígenas. Eles exigem o cumprimento das condicionantes com a obra paralizada. As autoridades ouviram as reclamações e disseram que vão levar essas reivindicações ao juiz, que acompanha o caso.
No local existem dezenas de máquinas paralizadas, e o ambiente é tranquilo, bem ao contrário do que a Norte Energia divulgou em nota. Hoje pela manhã o Ministério Público Federal expediu reintegração de posse, mas os manifestantes ainda não foram notificados.
Os manifestantes reafirmaram que deverão ficar no canteiro até que a Norte Energia resolva as questões em definitivo.
No mês de junho o canteiro de obras foi ocupado pelos indígenas e eles saíram mediante um acordo, que não foi cumprido. Agora, estão dispostos a ficar no canteiro por tempo indeterminado: não queremos acordo de papel. Enquanto a empresa não cumprir o que está no PBA (Plano Básico Ambiental) e as condicionantes, a obra fica parada, disseram. A intenção é paralisar 100% da obra.
Os pescadores já estão há 25 dias acampados na região da construção da barragem. Eles argumentam que já não conseguem pescar em vários pontos do Xingu e exigem indenização justa e um plano para recuperarem suas atividades. Na última semana de setembro, chegaram a apresentar suas reivindicações em reunião com representantes do Governo Federal.
Outros setores atingidos pela obra também se somaram às denúncias. É o caso de seu Amadeu, comerciante e morador há 40 anos na comunidade de Santo Antônio, a quem a empresa ofereceu apenas auxílio moradia, ou seja, 12 meses de aluguel. Na mesma comunidade, 5 famílias vivem transtornadas com as explosões de pedra e trânsito de caminhões pesados, aguardando reassentamento coletivo, que está na promessa. Mais de 300 trabalhadores da Olaria Panelas não tiveram, até hoje, nenhuma proposta da empresa. O trabalho deles vai ser completamente comprometido se a barragem seguir em frente.
Na área urbana de Altamira, as 5.200 famílias, mais de 20 mil pessoas, já reconhecidas pela empresa, teriam que sair até julho de 2014 segundo informação da Norte Energia e, até o momento, não sabem sequer para onde vão. Denunciam também as retiradas compulsórias, falta de transparência, prepotência e promessas não cumpridas.
FOTO: Canteiro de obras de Belo Monte (João Zinclar)