Na beira do rio

Eu vi uma mulher e uma criança na beira do rio A criança brincava, enquanto a mãe lavava a roupa Mas chegaram alguns homens com roupas diferentes Diferentes daquelas que […]

Eu vi uma mulher e uma criança na beira do rio

A criança brincava, enquanto a mãe lavava a roupa

Mas chegaram alguns homens com roupas diferentes

Diferentes daquelas que a mulher lavava

E com algo diferente daquilo que a criança brincava

Cercaram o rio e ele encheu

E hoje a mulher não pode mais lavar a roupa ali

A criança não pode mais brincar na beira do rio

Pois o rio não é mais deles

As roupas já não são mais molhadas com água e sim com lágrimas

Na mão da criança já não mais o brinquedo

Na boca não mais o canto

Nos olhos não mais o brilho

Mudaram os cantos

Mudaram as palavras

Agora são cantos de justiça

Palavras de ordem

Nas mãos há ferramentas pronta pra serem usadas

 E a bandeira que se choca contra o vento

E até mesmo o vento grita

E às vezes o vento quer fazer justiça por si mesmo

Pois arranca  as bandeiras

E as leva contra os malfeitores

A chuva chora e enche ainda mais o lago da morte

Na intenção de que ele estoure

E de que suas águas voltem a ser vivas

E dêem alegria às mulheres e crianças

Que agora já não são mais duas, mas milhares e milhares que

Juntaram suas vozes e gritam aos sete ventos que

Água e energia não são mercadoria!

 

Foto: João Zinclar

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| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

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