Na beira do rio
Eu vi uma mulher e uma criança na beira do rio A criança brincava, enquanto a mãe lavava a roupa Mas chegaram alguns homens com roupas diferentes Diferentes daquelas que […]
Publicado 25/07/2012
Eu vi uma mulher e uma criança na beira do rio
A criança brincava, enquanto a mãe lavava a roupa
Mas chegaram alguns homens com roupas diferentes
Diferentes daquelas que a mulher lavava
E com algo diferente daquilo que a criança brincava
Cercaram o rio e ele encheu
E hoje a mulher não pode mais lavar a roupa ali
A criança não pode mais brincar na beira do rio
Pois o rio não é mais deles
As roupas já não são mais molhadas com água e sim com lágrimas
Na mão da criança já não mais o brinquedo
Na boca não mais o canto
Nos olhos não mais o brilho
Mudaram os cantos
Mudaram as palavras
Agora são cantos de justiça
Palavras de ordem
Nas mãos há ferramentas pronta pra serem usadas
E a bandeira que se choca contra o vento
E até mesmo o vento grita
E às vezes o vento quer fazer justiça por si mesmo
Pois arranca as bandeiras
E as leva contra os malfeitores
A chuva chora e enche ainda mais o lago da morte
Na intenção de que ele estoure
E de que suas águas voltem a ser vivas
E dêem alegria às mulheres e crianças
Que agora já não são mais duas, mas milhares e milhares que
Juntaram suas vozes e gritam aos sete ventos que
Água e energia não são mercadoria!
Foto: João Zinclar