MAB reúne 2 mil atingidos em Belo Monte

Norte energia nega que população à jusante da barragem é atingida Cerca de dois mil atingidos pela barragem de Belo Monte participaram da audiência pública realizada ontem (20/03) em Vitória […]

Norte energia nega que população à jusante da barragem é atingida

Cerca de dois mil atingidos pela barragem de Belo Monte participaram da audiência pública realizada ontem (20/03) em Vitória do Xingu. Na audiência os atingidos debateram os impactos negativos abaixo do muro da barragem e mais uma vez, os técnicos do Consórcio negaram que essa população será atingida, se a hidrelétrica for realmente construídase a hidrelétrica for realmente construída.

A audiência foi coordenada pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e entre os participantes, a grande maioria era de pescadores, além de uma presença expressiva de mulheres e crianças.

Os atingidos reclamaram de falta de políticas públicas elementares, da falta de informações sobre a situação deles e do abandono pelos governos. Alguns se disseram perseguidos por órgãos ambientais quando precisam construir sua casa ou pescar para matar a fome. Todos reclamaram da piora da qualidade da água depois do início da construção da barragem e temem que essa situação piore com o avanço das obras. E criticaram a Norte Energia que age como se fosse o poder público em toda a região: “Aqui, agora é tudo Norte Energia”, afirmaram.

O Consórcio Norte Energia foi convocado a prestar esclarecimentos e responderam as perguntas de forma evasiva. Frisaram, principalmente, os programas de compensação de impactos, principalmente, através de convênios assinados com prefeituras e outras entidades. Por fim, afirmaram que os estudos não apontam a população abaixo do futuro muro de Belo Monte como atingida.

Rogério Höhn, da coordenação do MAB, lembrou o Decreto Presidencial de dezembro de 2010, assinado pelo então Presidente Lula, que  reconhece os moradores abaixo de muro de barragem como atingidos. Denunciou ainda o aumento de câncer do colo de útero entre as mulheres atingidas por Tucuruí, que moram abaixo do muro da barragem, o que poderá acontecer com as mulheres atingidas por Belo monte.

Por fim, Rogério também mencionou a mortandade de peixes no fechamento do lago de Estreito e reafirmou que o MAB é contrário a essa obra. “Belo Monte está sendo enfiada goela abaixo. Nossos direitos precedem a construção da barragem, isso significa que sem a barragem precisamos ter nossos direitos garantidos e um dos nossos direitos é dizer não à barragem”, disse ele.

Moisés Ribeiro, também da coordenação do MAB, disse que “essa audiência já é uma conquista do povo. Se não tivéssemos ido lá e exigido, ela não estaria acontecendo”, referindo-se à pressão na Norte Energia no dia 14 de março, com marcha e participação de 500 pessoas.

Os participantes repudiaram, de forma veemente, a ausência do IBAMA, que fora convidado e não compareceu: “Foi ele [IBAMA] que aprovou essa obra e hoje deveria estar aqui”, disseram os atingidos, que saíram convictos de que somente a luta vai fazer valer os direitos e que em breve estarão se reunindo para planejar os próximos passos.

Repudiaram também o forte aparato militar na região. “Os policiais militares aproveitaram o evento para  mostrar suas caminhonetas novas e, agora, também um helicóptero, que sobrevoou o local por diversas vezes, tudo patrocinado pela Norte Energia”, disseram.