Vale ganha prêmio de pior empresa do mundo

Com informações da Rede Justiça nos Trilhos A mineradora brasileira Vale foi eleita pior corporação do mundo no Public Eye Awards. Criado em 2000, o prêmio é concedido anualmente à […]

Com informações da Rede Justiça nos Trilhos

A mineradora brasileira Vale foi eleita pior corporação do mundo no Public Eye Awards. Criado em 2000, o prêmio é concedido anualmente à empresa vencedora, escolhida por voto popular em função de problemas ambientais, sociais e trabalhistas, durante o Fórum Econômico Mundial, na cidade suíça de Davos.

A empresa foi indicada pela Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale, através da Rede Justiça nos Trilhos, sediada no Maranhão, em parceria com ONGs internacionais. Presente em 38 países, a Vale é e a maior exportadora de minério ferro do mundo e a segunda maior empresa sediada no Brasil. Ela coleciona 111 processos judiciais e 151 administrativos referentes ao desrespeito a legislação ambiental, aos direitos trabalhistas e a toda sorte de violação de direitos humanos nos locais onde atua.

A Vale concorreu com as empresas Barclays, Freeport, Samsung, Syngenta e  Tepco. Nos últimos dias da votação, a Vale e a japonesa Tepco, responsável pelo desastre nuclear de Fukushima, se revesaram no primeiro lugar da disputa, vencida no dia 26 de janeiro com 25.041 votos pela mineradora brasileira.

Violação de direitos humanos

Um dos motivos que levaram a empresa a concorrer ao prêmio é sua participação no consórcio Norte Energia SA, responsável pela construção da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu (PA). A barragem será responsável pelo deslocamento forçado de cerca de 40 mil pessoas, atingindo direta e indiretamente 14 comunidades indígenas do Médio Xingu, alagando 668 km2 e secando 100 km do rio na chamada Volta Grande do Xingu. A Vale detém 9% das ações do Consórcio, sendo a maior acionista privada da obra.

Além disso, o MAB denuncia que a Vale já tem um longo histórico de violação de direitos humanos na construção de barragens. Na última delas, a usina hidrelétrica de Estreito, no estado de Tocantins, muitas famílias que não eram consideradas atingidas pela barragem viram suas casas ficarem debaixo d’água com o fechamento das comportas. A Vale Energia também é proprietária das usinas de Machadinho, em Santa Catarina , Igarapava, em São Paulo e Amador Aguiar I, Amador Aguiar II, PCH Glória, PCH Melo, PCH Nova Maurício e as usinas de Porto Estrela, Funil, Candonga, e Eliezer Batista, conhecida como barragem de Aimorés, todas estas em Minas Gerais.

Para Thiago Alves, da direção estadual do MAB em Minas Gerais, a entrega do prêmio para a Vale seria um reconhecimento de todas as denúncias feitas pelo Movimento sobre o permanente desrespeito às comunidades atingidas. “A barragem de Aimorés, no leste de Minas, está no relatório da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, como caso emblemático de violação de direitos na construção de barragens no Brasil. Também temos o exemplo da barragem de Candonga, na Zona da Mata: cerca de 10 anos após a construção da obra, muitas famílias atingidas ainda vivem em um reassentamento precário, muitas em estado de pobreza extrema.” A barragem de Candonga também é apontada como uma das responsáveis pelas cheias incontroláveis no rio Doce e no rio Piranga, que deixaram Ponte Nova e outras dezenas de cidades debaixo d´água no início do ano.

Sôniamara Maranho, da coordenação nacional do MAB e representante do Movimento na Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale, lembra que, embora tenha uma prática comprovada de desrespeito aos trabalhadores e à população em geral, a Vale tem um permanente incentivo do Estado brasileiro para seus empreendimentos. “É vergonhoso que ela tenha tido R$ 7,3 bilhões colocados à sua disposição pelo BNDES em 2008, o maior valor oferecido a uma empresa privada pelo Banco. Além disto, ela paga valores irrisórios pelo gigantesco gasto energético na mineração. Enquanto as residências pagam cerca de R$65,00 pelo kw, a Vale paga, em média, R$3,00. Por isto é muito importante que ela ganhe esse prêmio. É mais um passo no processo de denúncia e de mobilização em torno dos desmandos desta empresa”, afirma.

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