Condições precárias de trabalho e exploração levam 2.800 operários a cruzarem os braços em Belo Monte

Hoje completam cinco dias de paralisação dos trabalhadores de Belo Monte. A greve iniciou no sábado, 26/11, no sítio Belo Monte, onde estão sendo construídos alojamentos, com 1.800 trabalhadores parados. […]

Hoje completam cinco dias de paralisação dos trabalhadores de Belo Monte. A greve iniciou no sábado, 26/11, no sítio Belo Monte, onde estão sendo construídos alojamentos, com 1.800 trabalhadores parados. Na segunda-feira, 28/11, a greve se alastrou para o Sítio Pimental, com paralisação de mais 1000 trabalhadores. Dos 3.3500 trabalhadores da obra, 2.800 estão em greve. Das três frentes de obras existentes no momento, apenas uma está funcionando.

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) está solidário com a luta dos trabalhadores e se soma às suas bandeiras. “Tanto os trabalhadores das hidrelétricas quanto os ameaçados e atingidos por barragens são desrespeitados em seus direitos”, afirmam as lideranças locais, “por isso nos somamos a eles”.

São diversas as reclamações dos trabalhadores: muitos estão com falta e garantem que não faltaram nem um dia ao serviço – cada falta o trabalhador recebe como punição a perda de 20% do valor da cesta básica e dos dias remunerados, como domingos e feriados; na quinta-feira, dia 24, dezenas de pessoas passaram mal e tiveram que ser atendidas, supostamente por causa do excesso de salitre na comida; o acampamento está sendo abastecido com água do rio, de má qualidade; os banheiros são insuficientes para o grande número de trabalhadores; o alojamento improvisado, de lona, fica sem ar e o calor é insuportável; faltam equipamentos de segurança; os engenheiros ganham bem e podem trazer suas famílias ou ir à casa todo mês, já os ‘peões’ ganham pouco mais de 600 reais, não podem trazer suas famílias e só podem visitar a família de seis em seis meses.

Além da melhora geral nas condições de trabalho, os operários reivindicam aumento no valor do salário para 1.200 reais; aumento no valor da cesta básica, que hoje é de 70 reais; visita às famílias de três em três meses; visita à família no final do ano; e pagamento de horas-extras e horas-locomoção.

Ontem (29), às 9h, a diretoria do sindicato fez uma assembléia no canteiro de obras e, hoje, às 9h, os trabalhadores aguardavam uma posição da empresa. “Se não atender, continuaremos parados’, disseram os operários.

Está já é a terceira greve que acontece em Belo Monte, que está no início da construção, com as obras nos acessos e alojamentos. Na segunda greve, ocorrida no dia 12 de novembro, 170 pessoas foram mandadas embora, por isso os trabalhadores estão inseguros, controlam a entrada e saída de pessoas e proíbem fotos. “Se descobrem o nome de alguém, eles colocam fora”, afirmaram.

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, declarou ontem para a imprensa que “os índios não estão sendo molestados e que os trabalhadores são muito bem tratados em ‘nossas’ hidrelétricas”. No entanto, os trabalhadores de Belo Monte, sofrendo com a super exploração e condições precárias de trabalho, desabafam: “Belo Monte é a obra mais importante do PAC e o trabalhador fica numa condição de escravo”.

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