Superexploração de trabalhadores gera protesto em Belo Monte

Quase 300 trabalhadores cruzaram os braços na localidade Santo Antônio, onde estão sendo construídos os alojamentos para os operários da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. A paralisação iniciou na última […]

Quase 300 trabalhadores cruzaram os braços na localidade Santo Antônio, onde estão sendo construídos os alojamentos para os operários da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. A paralisação iniciou na última sexta-feira (11/11) e se estendeu no sábado por todo o dia. Trabalhadores contratados como armadores, pedreiros e carpinteiros, vindos de diversos estados, recusaram o desvio de função. O impasse começou quando na sexta-feira chegou uma carreta cheia de cimento. A empresa queria obrigá-los a fazer o descarregamento e eles não aceitaram.

Além de desvio de função, os trabalhadores estão revoltados com outros mecanismos de super exploração. Um operário, que não quis se indentificar por medo de perseguição, disse que em Jirau, no Rio Madeira, a cesta básica era 170 reais e, em Belo Monte, são apenas 70 reais. E com apenas uma falta o trabalhador recebe, como punição, o corte de 25% no valor da cesta básica e ainda perde os sábados, domingos e feriados. Os trabalhadores ainda reclamam que não estão recebendo hora-transporte, o equivalente há 3 horas diárias entre ida e volta de Altamira até o local do trabalho.

Os trabalhadores estão tendo problemas também com o pagamento das horas extras. Um trabalhador disse que deixou de receber quase 400 reais. “O salário é pequeno para um profissional, são R$ 4,20 por hora, e a hora extra faz muita diferença no final do mês”, afirmou um trabalhador. Eles temem que, diante de tanto descaso e exploração, a empresa não garanta as condições para que possam ir para casa no final de ano. Alguns moram muito longe e precisam viagem aérea por uma questão de disponibilidade de tempo.

O governo tem usado o discurso de que Belo Monte é modelo, e que os abusos ocorridos em Santo Antônio, Jirau e Estreito não ocorreriam em Belo Monte. No entanto, além da super exploração dos trabalhadores, a Norte Energia mente de forma descarada para a população atingida. Ninguém tem informação segura sobre qual será o seu futuro se a barragem vier a acontecer.

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) se solidariza com os trabalhadores, pois entende que eles, assim como as populações ameaçadas por Belo Monte, sofrem o impacto desse projeto criminoso.

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