Com hidrelétricas, Tapajós sofre nova “corrida ao ouro”
A história do sudoeste do Pará, especialmente da região de Itaituba, assim como da Amazônia em geral, foi marcada por vários ciclos de explosão econômica: drogas do sertão, ciclo da […]
Publicado 17/10/2011
A história do sudoeste do Pará, especialmente da região de Itaituba, assim como da Amazônia em geral, foi marcada por vários ciclos de explosão econômica: drogas do sertão, ciclo da borracha, ciclo da madeira, do ouro, das frentes pioneiras de colonização. Porém, esta riqueza nunca foi distribuída entre os trabalhadores. Na região, o que permanece é apenas uma enorme dívida social e ambiental.
Atualmente a região se vê ameaçada por uma nova corrida ao ouro: o ciclo das hidrelétricas, que traz nas suas entranhas um projeto maior do capital, que é o saqueio dos recursos naturais.
Com essa nova onda de exploração, as famílias e a natureza novamente ficarão com a conta para pagar. Na Amazônia temos o caso de Tucuruí, de Balbina, das usinas no rio Madeira e agora de Belo Monte, todos projetos cujos impactos sociais e ambientais são drásticos e sem política de reparação.
As usinas no rio Tapajós e seus afluentes
O denominado Complexo Tapajós é composto por 16 usinas hidrelétricas, sendo seis no rio Juruena, cinco no rio Teles Pires, três no rio Jamaxim, cinco no rio Tapajós, além de várias pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). Todas estas obras representam o interesse dos sojicultores, dos madeireiros, dos latifundiários, das grandes empresas eletrointensivas e das indústrias construtoras das barragens nacionais e internacionais.
As cinco hidrelétricas que o governo planeja para o Tapajós, se construídas, alagarão mais de 1.979 quilômetros quadrados de área de floresta, incluindo parques e florestas nacionais, provocando o desalojamento de várias aldeias indígenas da etnia mundurucu e várias comunidades tradicionais de pescadores e ribeirinhos.
Para a construção das PCHs projetadas para o rio Itapacurá, afluente do rio Tapajós, a empresa comprou as colônias dos ribeirinhos antes mesmo de dar entrada ao processo de licenciamento ambiental, em uma clara atitude de arrogância, falta de respeito aos trabalhadores e interesse econômico.
Na região do entorno da cidade de Itaituba, o abuso das empresas se destaca como cartão de boas vindas, invadindo as comunidades dos ribeirinhos sem pedir licença, como ocorreu na Vila Pimental, na Montanha Mangabal e em diversas outras comunidades às margens do rio Tapajós.
Mas mesmo com tanta exploração, esse povo sempre lutou e resistiu às invasões. Para as lideranças do MAB, é hora de juntar forças, pois uma nova ameaça é eminente. Não deixaremos que expulsem as famílias que sempre viveram aqui, estamos nos organizando e lutaremos para impedir a construção dessas grandes hidrelétricas, este ouro é nosso!, afirmou Iury Charles, militante do MAB na região.