Delegação internacional visita atingidos por barragens do Vale do Ribeira
Nessa semana, os atingidos pelas barragens do Vale do Ribeira, em São Paulo, receberam a visita de quatro animadores de base da organização britânica ChristianAid. Com a visita, a delegação […]
Publicado 21/09/2011
Nessa semana, os atingidos pelas barragens do Vale do Ribeira, em São Paulo, receberam a visita de quatro animadores de base da organização britânica ChristianAid. Com a visita, a delegação pode conhecer a realidade dos atingidos por barragens para que, posteriormente, possam sensibilizar a sociedade britânica sobre a importância de países ricos prestarem solidariedade internacional às comunidades brasileiras, em especial às que sofrem despejos violentos para a construção de obras de infra-estrutura, como as barragens.
No Vale do Ribeira, os britânicos visitaram comunidades quilombolas que vivem próximo ao Rio Ribeira de Iguape e que, há mais de 20 anos, sofrem com os projetos de construção de hidrelétricas propostos pela Companhia Brasileira de Alumínio e pela Companhia Energética de São Paulo.
Como vivem sob ameaça constante de desapropriação para dar lugar à barragem, as comunidades ficam sem atendimento público, como é o caso das estradas após as enchentes que ocorreram na região no início de agosto desse ano. Até agora os acessos às comunidades estão danificados, trechos do asfalto foram improvisados com pontes de madeira e até hoje não foram arrumados.
Essa situação e a realidade das famílias foram verificadas durante o trajeto. No Quilombo Ivaporunduva, por exemplo, foi possível a visita à Capela da Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, monumento histórico da luta e resistência dos negros no Brasil, sua construção iniciou por volta de 1630 e hoje está ameaçada. Caso o projeto da UHE Batatal saia do papel tudo ficará debaixo da água, a única coisa que aparecerá é a cruz da igreja, disse um dos moradores.
Moradores do Quilombo São Pedro também receberam a delegações de britânicos. Conversamos com muitas pessoas, as mulheres da comunidade foram entrevistadas e a comunidade comentou sobre o problema de conflitos de terra que ainda hoje persistem na região, uma vez que não possuem o título da mesma, afirmou Louise Lobler, militante do MAB que coordena a região e acompanhou a visita.
Segundo ela, os visitantes ficaram impactados com a precariedade de acesso a saúde, educação, por exemplo. No exterior, hoje se passa uma imagem de que o Brasil é um país em desenvolvimento e não tem mais problemas sociais estruturais, mas na verdade não é o que acontece. Pudemos perceber isso aqui no Vale do Ribeira, é preciso muita organização dos trabalhadores e trabalhadoras nos movimentos sociais para superar estes problemas, afirmou.
A delegação também visitou áreas do MST, passando pelo assentamento em Itapeva, no sul do estado de São Paulo.