MAB e MST ocupam canteiro de obras da UHE Garibaldi e latifúndio em SC
Cerca de 1000 integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ocuparam nesta madrugada (06), o canteiro de obras da Usina […]
Publicado 06/06/2011
Cerca de 1000 integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ocuparam nesta madrugada (06), o canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de Garibaldi, no rio Canoas, entre os municípios de Cerro Negro e Abdon Batista, e um latifúndio improdutivo em Cerro Negro, em Santa Catarina.
O objetivo da mobilização é garantir os direitos à indenização para as famílias atingidas e ao reassentamento para as famílias sem-terra do MAB e do MST que estão cadastradas pelo INCRA/SC. Cerca de 700 pessoas dos dois movimentos estão trancando as obras da barragem e outras 300 pessoas fazem a luta pela terra no município vizinho.
Uma liderança local explicou que existe somente uma forma para que os atingidos por barragens que hoje estão sem terra garantam seus direitos, que é através da organização e da mobilização. Não vamos sair daqui até que nossos direitos enquanto atingidos sejam reconhecidos. Não queremos que as empresas nos tratem como trataram os outros atingidos por barragens aqui da região. Hoje tem mais de 2 mil famílias atingidas por barragens sem terra cadastradas no INCRA, no entanto não existe nenhum movimento para reassentamento. Isto não pode se repetir com os atingidos por Garibaldi. Permaneceremos mobilizados até que as famílias sejam indenizadas e os sem-terras assentados.
Segundo as lideranças do MAB, as barragens são “fábricas de sem-terra” e a UHE de Garibaldi está no mesmo caminho. Já estão construindo a obra e não têm nenhuma proposta de como vão indenizar as famílias. Em relação às famílias atingidas sem-terra, ainda no governo Lula, o governo federal assumiu a dívida existente, então queremos que saia do papel os reassentamentos, disseram.
Os funcionários da construtora Triunfo, responsável pela hidrelétrica, apoiam a mobilização e afirmam que as condições em que trabalham são precárias e que a empresa tem tradição em quebra de contrato e desrespeito às leis trabalhistas. As famílias vizinhas da obra, que ainda não estão organizadas como atingidas, também demonstraram solidariedade para como os manifestantes, servindo-lhes de água e de seus pomares. O Grupo Triunfo é responsável pela construção da barragem e terá o direito de explorar a produção de energia pelo prazo de 30 anos. A primeira turbina entrará em operação no final de 2014.
Se a barragem de Garibaldi for construída, ela vai atingir os municípios de Cerro Negro, Campo Belo do Sul, Abdon Batista, Vargem e São José do Cerrito, alagando 1.864 hectares de terra fértil e expulsando aproximadamente mil famílias.
*Com informações da Radiagência NP e do setor de comunicação do MST