Ocupação de barragem e de fazenda chega ao quarto dia em Santa Catarina

Atingidos por barragens e sem-terra realizam ato amanhã (10) Os atingidos por barragens e os sem-terra que ocuparam no início dessa semana o canteiro de obras da hidrelétrica de Garibaldi […]

Atingidos por barragens e sem-terra realizam ato amanhã (10)

Os atingidos por barragens e os sem-terra que ocuparam no início dessa semana o canteiro de obras da hidrelétrica de Garibaldi e uma fazenda, em Santa Catarina, farão amanhã (10) um ato público pelos direitos dos atingidos pela barragem, por terra e justiça social.

A atividade terá início às 13h, no acampamento erguido pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no canteiro de obras, no município de Abdon Batista. Os manifestantes sairão em marcha até o centro da cidade.

Os movimentos convidam todos os sem-terra cadastrados pelo INCRA, os atingidos e ameaçados por Garibaldi, entidades parceiras, igrejas, sindicatos, movimentos sociais, prefeitos, vereadores bem como toda a sociedade para o ato.

O canteiro de obras da usina hidrelétrica de Garibaldi foi ocupado por cerca de 800 integrantes do MAB e do MST na segunda-feira (6). Outros 600 integrantes dos dois movimentos também mantêm a ocupação de uma propriedade improdutiva na cidade vizinha de Cerro Negro e pedem que área seja destinada para a reforma agrária.

A Triunfo, empresa construtora da obra, entrou com um pedido de reintegração de posse nessa quinta-feira. Por conta disso, o juiz da comarca de Anita Garibaldi chamou os movimentos e o Incra para uma audiência de conciliação amanhã à tarde.

Os movimentos questionam o discurso das construtoras de barragens, de que as obras trariam progresso e desenvolvimento para a região. “A verdade é que toda riqueza gerada em nossa região não tem se revertido em ganhos e melhoria de vida ao povo, acaba sendo levada para fora da região e até fora do país, para enriquecer cada vez mais meia dúzia de grandes empresas, enquanto o povo está cada vez mais explorado”, afirma uma liderança local.

“Esse tipo de desenvolvimento não queremos. Já temos experiências e exemplos suficientes para não deixar ocorrer em Garibaldi os crimes e violações dos direitos humanos que ocorreram em outras barragens na região”, finaliza.

As duas ocupações têm o objetivo de garantir os direitos das famílias atingidas, que serão expulsas sem receber nenhuma compensação, e das famílias sem-terra que pedem para ser assentadas.

Se a barragem de Garibaldi for construída, ela vai atingir os municípios de Cerro Negro, Campo Belo do Sul, Abdon Batista, Vargem e São José do Cerrito, alagando 1.864 hectares de terra fértil e expulsando aproximadamente mil famílias. O grupo Triunfo terá o direito de explorar a produção de energia pelo prazo de 30 anos. A previsão é que a primeira turbina entre em operação no final de 2014.

Os funcionários da construtora Triunfo apoiam a mobilização e afirmam que as condições em que trabalham são precárias e que a empresa tem tradição em quebra de contrato e desrespeito às leis trabalhistas. A obra emprega atualmente cerca de 1000 trabalhadores.

Contribua com os acampamentos

Participe da campanha de solidariedade aos atingidos por barragens e sem terras acampados no canteiro de obras da barragem de Garibaldi e em fazenda do planalto catarinense.

Para amenizar as dificuldades financeiras, você pode contribuir com qualquer valor na seguinte conta:

Associação Camponesa da Serra Catarinense (ACASC)

Banco do Brasil

Agencia: 1446-X

Conta: 18.756-9

 

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| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

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