MAB propõe ao governo criação de comissão para debater mudanças na política energética

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) participou hoje de uma audiência com a Secretaria Geral da Presidência e com representantes do Governo Federal em Brasília. O objetivo foi discutir […]

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) participou hoje de uma audiência com a Secretaria Geral da Presidência e com representantes do Governo Federal em Brasília. O objetivo foi discutir a Plataforma Operária e Camponesa para Energia, fruto de uma articulação do MAB com movimentos e sindicatos ligados à água e à energia para a criação de um projeto energético popular. A proposta do MAB é que seja criada uma comissão (ou grupo de trabalho) para debater e implantar mudanças na política energética e no uso da água.

O Movimento pretende que essa comissão seja integrada por representantes do Governo Federal (Ministério de Minas e Energia, Casa Civil, Ministério do Meio Ambiente, Eletrobrás, IBAMA, Secretaria Geral da Presidência, Ministério da Pesca e Aquicultura, Secretaria de Direitos Humanos, Ministério da Justiça e Ministério do Desenvolvimento Agrário), das organizações sociais (MAB, igrejas, Federação dos Petroleiros e Federação dos Eletricitários), do Ministério Público Federal e das Universidades Públicas.

A Plataforma Operária e Camponesa  para Energia é  um conjunto de propostas formuladas pelos movimentos sociais da Via Campesina, FUP, FNU e por sindicatos de eletricitários que apontam linhas para que a energia esteja, de fato, a serviço do povo brasileiro e para que os atingidos por barragens e a sociedade em geral tenham mais participação nas definições da política energética nacional.

Dívida histórica do Estado

Ontem, o Movimento se reuniu com o governo para discutir medidas estruturantes para garantia dos direitos dos atingidos por barragens, criar regras e critérios para o tratamento das populações atingidas e estabelecer uma política de aporte de recursos para recuperação e desenvolvimento econômico, social e cultural dessas populações.

No início de abril, quando 500 mulheres atingidas por barragens foram recebidas pela presidenta Dilma, ela afirmou que fará o possível para atender “quase 100%” das demandas do MAB. Para as lideranças do MAB, a constituição desta mesa será um espaço de avançar nas conquistas concretas dos atingidos. “É o que esperamos. Proporemos mudanças estruturais para o setor elétrico e também reivindicações antigas do Movimento para a garantia de melhoria das condições de vida dos atingidos. Queremos que o Estado pague a dívida que tem conosco”, disse Joceli Andrioli, da Coordenação Nacional do MAB.

Entre outros pontos, está na pauta a ser discutida o reassentamento de 12 mil famílias já cadastradas pelo INCRA, além de medidas para o incentivo de produção de energia alternativa e alimentos saudáveis, defesa do meio ambiente e projetos de educação e saúde.

As reuniões são uma demanda do Movimento e fazem parte de um processo de negociação aberto ainda em 2009, quando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu publicamente a dívida histórica do Estado brasileiro com a população atingida por barragens.

Conteúdos relacionados
| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

Desenvolvimento para quem? Piauí, um território atingido pela ganância do capital

Coletivo de comunicação Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no Piauí, assina artigo sobre a implementação de grandes empreendimentos que visam somente o lucro no território nordestino brasileiro