Mulheres fortalecem resistência contra barragens de Garabi e Panambi
No Rio Grande do Sul, atingidas debatem o modelo energético e a violação dos direitos das mulheres na construção de barragens O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), com o […]
Publicado 26/11/2015
No Rio Grande do Sul, atingidas debatem o modelo energético e a violação dos direitos das mulheres na construção de barragens
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), com o apoio da Fundação Luterana de Diaconia (FLD), realizou nesta quinta-feira (26), no município de Alecrim (RS) um encontro com mulheres que estão sendo ameaçadas pelo Complexo Binacional Garabi e Panambi. As barragens estão sendo projetadas pelos governos do Brasil e da Argentina, no trecho do Rio Uruguai que divide os dois países.
O objetivo do encontro foi fortalecer a participação e o protagonismo das mulheres na luta contra as barragens em todas as instâncias do movimento, desde os grupos de base, até as coordenações. Na atividade, as mulheres discutiram sobre as violações de direitos provocadas pela construção de barragens e o desafio de seguirem organizadas.
Segundo a pescadora e ameaçada pela barragem de Panambi, Tereza Pessoa, este é o momento de fortalecer os valores e a militância feminina. Ainda hoje existe muita diferença na atuação de mulheres e homens, os direitos não são os mesmos e elas precisam estar esclarecidas sobre o papel da mulher na sociedade e no movimento social. Queremos participar e, junto com os homens, dizer não a essas barragens e construirmos um novo projeto energético popular, explicou Tereza.
O movimento tem concluído que, dentre a população atingida pelas grandes obras, seja rural ou urbana, as mulheres são a parte atingida de forma mais intensa e que tem seus direitos humanos mais brutalmente violados.
De acordo integrante da coordenação nacional do MAB, Neudicléia de Oliveira, um dos fatores de violação dos direitos das mulheres atingidas diz respeito diretamente ao não reconhecimento do trabalho. Quando as mulheres vão para o mercado de trabalho, seu salário é visto como um complemento ao do homem, exemplificou Neudicléia.
Outro fator agravante é em relação ao conceito de atingido territorial-patrimonialista, adotado pelas empresas construtoras das barragens, ou seja, quem não for proprietário da terra não é considerado atingido. As mulheres ainda são a minoria entre os titulares de propriedades, ficando sem reconhecimento como atingidas e permanecendo na dependência de seus maridos ou familiares.