Mulheres do Tapajós marcham contra a violência
Cerca de 200 mulheres tomaram as ruas de Itaituba no último sábado (7 de março) para denunciar a violência contra as mulheres no contexto de ameaça de construção do complexo […]
Publicado 09/03/2015
Cerca de 200 mulheres tomaram as ruas de Itaituba no último sábado (7 de março) para denunciar a violência contra as mulheres no contexto de ameaça de construção do complexo Tapajós. A marcha encerrou o seminário Mulher levantando a bandeira dos seus direitos.
Participaram da atividade ribeirinhas, indígenas, agricultoras e trabalhadoras urbanas dos municípios de Itaituba, Trairão e Aveiro. O seminário foi composto de quatro mesas de debate, além do lançamento do projeto Direitos das Mulheres Atingidas por Barragens, uma parceria entre o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e a entidade de cooperação Christian Aid, com apoio da União Européia.
A atividade contou com depoimentos das mulheres da comunidade de Pimental, local onde se pretende instalar o canteiro de obras da barragem de São Luis do Tapajós. Em suas falas, as mulheres relataram os problemas que já estão sofrendo, como falta de informações claras sobre o projeto, tentativas de divisão da comunidade e falta de perspectiva quanto ao futuro.
As mulheres têm protagonismo no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) pois estão percebendo o quanto são duramente atingidas pela construção de barragens, afirma Cleidiane Vieira, da coordenação do Movimento na região. Segundo Cleidiane, os impactos das barragens no Brasil, como a violência, a desestruturação das comunidades, a perda da terra, entre outros, afetam principalmente as mulheres.
A professora Antonieta Lima, do Grupo de Apoio à Mulher Itaitubense (GAMI) apresentou os programas sociais voltados para as mulheres, mas que na prática não acontecem e enfatizou o plano nacional de políticas públicas para as mulheres. Temos que nos organizar e lutar para fazer valer nossos direitos e cobrar das autoridades que se faça um plano municipal para as mulheres da região do Tapajós, afirmou.
Nair, presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Itaituba, falou das dificuldades das mulheres do campo em acessar as políticas públicas. Segundo ela, as mulheres da zona rural enfrentam problemas como falta de estradas, falta de escolas para seus filhos, transporte escolar sem segurança (quando tem), dificuldade com relação ao titulo de suas terras, entre outros.
Também marcou presença a chefe da Delegacia da Mulher no município, que falou das diversas formas de violência contra mulher, e sobre os casos em Itaituba.
Em seguida, houve o Lançamento da Marcha das Margaridas, que irá acontecer em agosto em Brasília. A ideia é mapear os movimentos de mulheres do campo e cidade e fortalecer uma luta regional, além de mostrar a cara das mulheres da BR 163 em Brasília, afirmou Ivone, da Fetagri.
Além de marchar pelas ruas, as mulheres também vão protocolar um documento com as principais pautas no Ministério Público Federal (MPF) e demais orgãos.
A atividade foi organizada pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Grupo de Apoio à Mulher Itaitubense (GAMI), Colegiado da BR 163 (Codeter), ROTARY Clube de Itaituba, Associação dos Filhos de Itaituba (Asfita) e Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Itaituba.