Famílias atingidas por Belo Monte ocupam terreno em Vitória do Xingu
Desde a última sexta-feira (05/12) mais de 300 famílias ocupam um terreno na entrada de Vitória do Xingu, uma pequena cidade no Estado do Pará, aonde está sendo construída a […]
Publicado 12/12/2014
Desde a última sexta-feira (05/12) mais de 300 famílias ocupam um terreno na entrada de Vitória do Xingu, uma pequena cidade no Estado do Pará, aonde está sendo construída a Usina Hidrelétrica de Belo Monte. O município vive as consequências do inchaço populacional gerado pela barragem. Essa já é a terceira ocupação dos últimos três anos.
O clima na ocupação é de muita tensão. A pessoa que apareceu reivindicando a posse da área, apareceu com a policia militar, que em vez de intermediar uma negociação, cumpriu o papel de pistoleiros agindo com estrema brutalidade. Segundo os ocupantes houve até tiros efetuados pela PM. Na mesma ocasião os policiais agrediram e prenderam uma dona de casa e prenderam mais cinco pessoas.
Nós estamos aqui é porque não damos mais conta de pagar aluguel. Antes, era 300 reais, já num era fácil pra pagar, agora que é mais de mil, o que a gente faz? Esse é o motivo que levou os trabalhadores e trabalhadoras a ocuparem uma área que não estava cumprindo sua finalidade social.
Mesmo com muito medo, as famílias já estão levantando seus barracos e levando seus pertences pro novo local de morada. Lá se vê crianças, adolescentes e idosos, todos com um olhar esperançoso de alcançar o sonho de uma moradia digna.
O Movimento dos Atingidos Por Barragens encaminhou carta de denúncia à Secretaria de Direitos Humanos do Pará sobre o caso. O Movimento se solidariza com as famílias que mais uma vez ficam com a responsabilidade de pagar um alto preço por um progresso que só enriquece ainda mais os patrões.
Repudiamos o ato da polícia militar que, num ato de covardia, bateu em mulheres e homens que apenas lutam por uma vida melhor. A policia de forma arbitrária, sem mandato algum foi na ocupação, usou da força pra intimidar as famílias atingidas pelo alto preço do aluguel.
Entendemos também que governo federal, estadual, e municipal, juntamente com o consórcio dono da barragem, Norte Energia, tem a obrigação de reparar os danos que estão causando a essas famílias. Sobretudo a Norte Energia, que não considera esses efeitos como consequência da construção da hidrelétrica.