Ato em defesa da Petrobrás reúne 10 mil no Rio de Janeiro
A multidão caminhou pelas ruas do centro do Rio de Janeiro até a sede da Petrobrás; O ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva discursou no encerramento do evento. O […]
Publicado 16/09/2014
A multidão caminhou pelas ruas do centro do Rio de Janeiro até a sede da Petrobrás; O ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva discursou no encerramento do evento.
O petróleo é o passaporte para o futuro desse país. Lula
O evento reuniu movimentos sociais, sindicatos e parlamentares que se encontraram na Cinelândia e caminharam até a sede da Petrobrás no centro do Rio de Janeiro. O ato teve como objetivo defender a Petrobrás e o Pré-Sal contra os ataques da direita e da mídia que tentam desgastar a imagem da empresa para justificarem sua privatização, na leitura dos movimentos sociais.
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), juntamente com a Via Campesina e a Plataforma Operária e Camponesa pela Energia, trouxe seu apoio às ruas do Rio de Janeiro. O MAB, que também foi um dos organizadores do evento, esteve presente com 200 atingidos das regiões do Vale do Ribeira – SP e Cachoeira de Macacu RJ.
Estamos aqui para defender a Petrobrás, para defender o petróleo e para defender a soberania do povo brasileiro. Não é a toa que muitos povos do mundo precisam fazer guerras para defender seu petróleo, afirmou o coordenador do MAB, Leonardo Bauer.
Sobre a importância desse ato dentro do contexto eleitoral, Leonardo também destacou a importância e a necessidade da luta para defender esse patrimônio.
Não temos dúvida do que está em jogo nesse período eleitoral. Não hesitaremos em defender, inclusive nas urnas, esse patrimônio que é do povo brasileiro. Não permitiremos que nenhuma candidatura entreguista deixe que os EUA e suas empresas levem a nossa riqueza. Lutaremos para que a Petrobrás seja cada vez mais pública e o petróleo cada vez mais do povo brasileiro, finalizou Bauer.
Tanto as candidaturas de Aécio Neves do PSDB e Marina Silva do PSB tem visões diferentes sobre o que fazer com a Petrobrás e, consequentemente, com o Pré-Sal. A candidata Marina Silva afirma em seu plano de governo que tomará medidas na direção de reerguer a cadeia produtiva do etanol, na qual sobressaem usinas que extraem combustível a partir da cana-de-açúcar.
– Costumo dizer que o petróleo ainda é um mal necessário, destacou Marina. Temos de sair da idade do petróleo. Não é porque falte petróleo. É porque encontraremos e já estamos encontrando outras fontes de suprimento de energia.
Hoje, a produção da Petrobrás do pré-sal é de 600 mil barris/dia, e segue crescendo. Especialistas prevêem que as vendas a partir da exploração dos campos de petróleo das águas profundas possam render até mais de US$ 4 trilhões ao país nas próximas décadas.
Já o candidato à presidência Aécio Neves, do PSDB, tem planos para a Petrobrás que o povo brasileiro já conheceu na era de FHC: neoliberalismo e privatizações. O tucano afirmou em seu programa de governo que irá mudar as regras do Pré-Sal, nas quais irá prevalecer o modelo de concessão para explorar os campos de petróleo.
Existe uma grande diferença entre as propostas de Aécio e Dilma nesta questão. No regime de concessão, defendido pelo candidato do PSDB, o concessionário é o dono de todo o petróleo que produz, restando ao Estado apenas os impostos. Já no regime de partilha, defendido por Dilma, o Estado é quem controla a exploração, além de ficar com uma porcentagem do petróleo extraído.
A defesa do petróleo também é esteve presente na fala do coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile. O petróleo é do povo e deve ser utilizado em beneficio do povo. Nós viemos aqui pra dizer que o Fernando Henrique já tentou privatizar a Petrobrás e a única maneira de garantirmos que o petróleo esteja a serviço do povo é uma Petrobrás pública, afirmou Stédile.
No fim de seu governo, FHC tentou mudar o nome da Petrobrás para Petrobrax. Dizia que, assim, a empresa teria uma identidade mais global, podendo atrair mais investidores internacionais. O plano, no entanto, foi rechaçado pela sociedade e FHC abandonou a ideia.
No fim de seu governo, quando era presidida por Henri Philippe Reichstul, a Petrobrás cedeu postos de combustíveis, parte de um campo exploratório e 30% de uma refinaria no Rio Grande do Sul, a Refap, para o grupo espanhol Repsol, em troca de ativos na Argentina às vésperas da crise cambial no país vizinho. Essa transação foi contestada judicialmente e hoje está no Superior Tribunal de Justiça, onde a então relatora determinou a realização de uma perícia. O advogado Claudio Pimentel, que lidera a ação, estima que a Petrobrás entregou US$ 3 bilhões e recebeu US$750 milhões.
No final do ato, o ex-presidente da república, Luís Inácio Lula da Silva, discursou em frente à Petrobrás ressaltando a importância de se defender a estatal neste momento em que sofre denúncias de corrupção.
– Os milhares e milhares trabalhadores desta empresa, destacou Lula, não podem serem confundidos com alguém que, por ventura, possa ter cometido um erro. Se alguém praticou o erro, se alguém roubou, esse alguém tem que ser investigado, ser julgado e, se for culpado, tem que ir para a cadeia. O povo da Petrobrás tem que ter orgulho da sua camisa.
Lula finalizou seu discurso e o ato destacando o poder do pré-sal para o desenvolvimento econômico e social do povo brasileiro:
O petróleo é o passaporte do futuro deste país. É o que mais pode dar garantia de fazermos no século XXI aquilo que a gente não conseguiu fazer no século XX. Imagina se sem petróleo a gente já tem filho de pedreiro se formando engenheiro… filho de empregada doméstica se formando médico… Se a gente conseguiu fazer isso sem o petróleo , imagina o que podemos fazer quando estivermos tirando 4 mil barris de petróleo e exportando para o mundo inteiro, finalizou Lula.
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) divulgou em nota dados sobre a Petrobrás de 2002 a 2012.
Vamos aos fatos: em 2002, a Petrobrás valia R$ 30 bilhões, sua receita era de R$ 69,2 bilhões, o lucro líquido de R$ 8,1 bilhões e os investimentos não passavam de R$ 18,9 bilhões. Uma década depois, em 2012, o valor de mercado da Petrobrás passou a ser de R$ 260 bilhões, a receita subiu para R$ 281,3 bilhões, o lucro líquido para R$ 21,1 bilhão e os investimentos foram multiplicados para R$ 84,1 bilhão.
Antes do governo Lula, a Petrobrás contava em 2002 com um efetivo de 46 mil trabalhadores próprios, produzia 1 bilhão e 500 mil barris de petróleo por dia e tinha uma reserva provada de 11 bilhões de barris de óleo. Após o governo Lula, em 2012, a Petrobrás quase que dobrou o seu efetivo para 85 mil trabalhadores, passou a produzir 2 bilhões de barris de óleo por dia e aumentou a reserva provada para 15,7 bilhões de barris de petróleo.
Nos últimos 8 anos, da data em que foi descoberto o pré-sal até hoje, foi extraído mais petróleo do que nos primeiros 31 anos da Petrobrás.
Confira na íntegra o discurso do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva: