Famílias atingidas por barragens em SC e RS reclamam que não serão indenizadas

As 3.500 famílias que serão atingidas pela construção das barragens da Foz do Chapecó, junto ao Rio Uruguai, nos municípios de Alpestre, no Rio Grande do Sul e Águas de […]

As 3.500 famílias que serão atingidas pela construção das barragens da Foz do Chapecó, junto ao Rio Uruguai, nos municípios de Alpestre, no Rio Grande do Sul e Águas de Chapecó, em Santa Catarina, temem não serem indenizadas pelos responsáveis pelas obras. O consórcio, formado pelas empresas Camargo Correa, Votorantin e Bradesco, detém 51% das ações para a construção dos empreendimentos. Já Furnas, detém 41%.

O principal consórcio reconhece que apenas 2.700 famílias terão direito a indenizações. Entretanto, um levantamento do Movimento dos Atingidos por Barragens da região, aponta que o número de famílias chega a 3.500, pois existem muitos pescadores no local. Conforme Rodrigo Zancanaro, da coordenação do MAB, em março de 2010, as hidrelétricas devem entrar em funcionamento, com a construção de um lago que inundará a região. Mas, muitas famílias ainda não têm garantias que serão indenizadas. Zancanaro diz que o consórcio não reconheceu o direito de famílias de pescadores artesanais que, com as barragens, ficam impedidos de pescar.

“Tem mais de 150 famílias de pescadores que vão sofrer, pois o rio (Rio Uruguai) vai secar. É aquilo que a gente chama de volta grande, em função do desvio do Rio Uruguai para túneis, e os pescadores vão perder e a empresa não tem nada de concreto para apresentar para essas famílias. Além disso, tem mais de 400 famílias, entre depósito judicial e casos negados, que a empresa não apresentou nenhum tipo de solução para essas famílias, a não ser um programa chamado Novo Rumo, no qual as famílias se negam a participar em função de não ser uma indenização, mas sim, apenas uma forma de a empresa envolver as famílias em programas e depois não dar continuidade. As famílias continuam com o problema de não ter área para plantar e produzir o seu alimento”, relata.

Rodrigo Zancanaro explica que alguns moradores já receberam uma espécie de depósito judicial, pois não entraram em acordo. Além disso, ele afirma que o Movimento dos Atingidos por Barragens pediu ao Ministério de Minas e Energia que não dê a licença de operação sem que os problemas sejam resolvidos. Conforme Zancanaro, as empresas oferecem propostas de indenização que não estão de acordo com o interesse dos atingidos. A primeira garantia oferecida pelo consórcio é uma indenização em dinheiro ou carta de crédito, com valores insuficientes para que as famílias comprem outras propriedades.

“Algumas famílias tem comprado as terras, mas como pegaram as piores áreas acabaram voltando. Tem famílias que estão voltando, abandonaram as terras que conseguiram comprar com carta de crédito ou dinheiro, e estão voltando pois não conseguiram sobreviver nessas áreas”, explica.

O MAB pede também que o consórcio compre áreas nas regiões dos municípios de Nonoai, Erval Grande e Rio dos Índios, no Rio Grande do Sul, para fazer o reassentamento das famílias que serão atingidas pelas barragens.

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| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

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