Relatório de segurança aponta 45 barragens de Minas Gerais em risco

Três estruturas foram classificadas no nível mais crítico de alerta, em Itatiaiuçu, Barão de Cocais e Ouro Preto

Três estruturas foram classificadas no nível mais crítico de alerta, em Itatiaiuçu, Barão de Cocais e Ouro Preto. Foto: José Cruz/Arquivo Agência Brasil

Espalhadas em 17 municípios, 45 barragens estão classificadas em Categoria de Risco (CRI) alto ou médio em Minas Gerais. Os dados foram divulgados pelo Relatório de Segurança de Barragens de 2023, produzido pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e publicado no fim do mês passado.

Segundo o estudo elaborado anualmente, a quantidade de estruturas que necessitam de prioridade na gestão da segurança chega a 229 em todo o país. Entre as localizadas em território mineiro, três estão no nível de alerta mais crítico, situadas nas cidades de Itatiaiuçu, Barão de Cocais e Ouro Preto.

Bocaiúva, Brumadinho, Caldas, Campina Verde, Campo do Meio, Guaxupé, Itabira, Itabirito, Mariana, Nova Lima, Paraisópolis, Poços de Caldas, Rio Acima e Santa Bárbara também têm barragens que exigem atenção, segundo a ANA. 

UFMG lança observatório

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) lançou, em junho, o Observatório de Barragens de Mineração (OBaM), com o objetivo de analisar e divulgar dados sobre a situação das barragens no estado e possíveis impactos ambientais.

A iniciativa é coordenada pelo Grupo de Pesquisa Educação, Mineração e Território (EduMiTe) e produz relatórios periódicos sobre a situação das estruturas. Um dos levantamentos realizados pelo OBaM é em relação às bacias hidrográficas ameaçadas. Atualmente, a bacia do Rio São Francisco é a que mais possui barragens, seguida pela do Rio Doce. 

“Na parte da bacia do São Francisco localizada em MG são 193 barragens com volume de 1 bilhão de metros cúbicos. Dessas estruturas, 80 possuem potencial de dano alto, que indica os impactos que podem causar em situações de rompimento”, explicou Daniela Campolina, uma das coordenadoras do projeto. 

“Os números já nos dizem muito, mas não expressam toda a complexidade que é a questão das barragens nesses territórios. Parte delas estão muito próximas umas das outras, por exemplo. Além disso, às vezes, uma mesma barragem possui volume e dano potencial alto, além de estar com nível de emergência acionado”, acrescentou, durante o lançamento do OBaM. 



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