NOTA | MAB repudia tratamento da ALESP à Mostra Arpilleras, que reúne obras de arte das mulheres atingidas
Apesar do boicote e desrespeito da presidência da Assembleia em relação à exposição, que já rodou por vários países, mulheres do MAB conseguiram manter a mostra em cartaz entre os dias 15 e 24 de março
Publicado 25/03/2023 - Atualizado 25/03/2023
Com extrema indignação, repudiamos o tratamento da presidência da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo – ALESP em relação à Exposição “Arpilleras, Bordando a Resistência”, organizada pelo Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB, no espaço da Assembleia.
Mesmo com liberação oficial, registrada no sistema da ALESP desde o mês de fevereiro, tivemos muitos constrangimentos, transtornos e desrespeito por parte da presidência do órgão com as obras de arte, com o Movimento e com os convidados que visitariam e participariam do ato artístico de abertura oficial da exposição no último dia 15.
A mostra reúne um conjunto de 18 telas bordadas em tecidos com técnica conhecida como arpilleras, peças únicas criadas por mulheres atingidas por barragens no Brasil e organizadas no Movimento dos Atingidos por Barragens. Cada peça de arte apresenta um relato diferente sobre as experiências traumáticas vividas por elas, em diferentes localidades, de Norte a Sul do país, além de reivindicações de direitos básicos.
Para o MAB, a Alesp promoveu, durante o período da exposição, a violação de direitos e a tentativa de silenciamento das mulheres atingidas, pois não foi permitida a montagem no Hall Monumental, no último dia 13, conforme já havia sido autorizado. Também foi proibida a realização do ato de abertura no último dia 15, conforme programação inicial. Além disso, nesse mesmo dia, a Polícia Militar fez um memorando de retirada da Mostra, com aval da presidência da ALESP.
Sendo assim, um dia em que que era para ser celebrada a potência criativa das mulheres atingidas em um espaço tão importante como a ALESP, que recebe diversas exposições e artistas na sua programação, foi marcado pela falta de respeito com as autoras dos trabalhos artísticos e militantes da organização.
Repudiamos veementemente o desprezo e a falta de sensibilidade com uma mostra que percorre – desde 2015 – diversos espaços públicos e privados do mundo todo com um acervo de mais de 300 obras já produzidas e um filme que já foi premiado pelo 44o Festival do Sesc como um dos melhores documentários.
As obras que integram a exposição já foram expostas no Memorial da América Latina, no Museu de Artes de São Paulo – MASP, em diversas universidades, em unidades do Sesc, em várias Assembleias Legislativas do país, na Câmara Federal, em órgãos do Judiciário, bem como em espaços culturais de diversos países, como França, Itália e Alemanha.
Mesmo com tantos transtornos, desprezo com as obras de arte, com as mulheres atingidas e com o Movimento, além das tentativas de intimidação por parte de representantes da ALESP, não baixamos a cabeça e nos sentimos vitoriosas por conseguirmos manter a exposição em cartaz entre os dias 15 e 24 de março.
Reafirmamos a importância da expressão cultural e artística das atingidas que, de forma estratégica, contribui para a formação cultural e indenitária das mulheres, despertando no público o senso crítico que contribui para o debate social sobre violações de direitos humanos e sobre o modelo energético que reivindicamos.
Seguiremos nos expressando e reivindicando nossos diretos através das Arpilleras.Agradecemos toda a equipe da liderança do PT e da deputada Marcia Lia pelo apoio, respeito e dedicação, garantindo, juntamente ao Movimento a montagem da exposição no dia 14 à noite e a permanência dela na ALESP até a data previamente combinada.