Sindicatos, organizações sociais e atingidos por barragens protestaram contra o governo do estado que quer privatizar a companhia de saneamento e o departamento de água e esgoto do Rio Grande do Sul
Publicado 01/07/2022 - Atualizado 21/08/2024
Na tarde desta terça, 28, moradores de Porto Alegre organizados no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) foram às ruas em defesa da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). O ato “RS pela água” teve como objetivo convocar o povo gaúcho para a luta contra o processo de privatização da Corsan, promovido pelo Governo de Eduardo Leite, o qual anunciou a venda das ações da empresa pública para o mês de julho deste ano. Além disso, também está em vias de ser entregue à iniciativa privada o Departamento Municipal de Água e Esgotos de Porto Alegre (DMAE), com privatização marcada para março de 2023.
A mobilização foi convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgoto do Estado do Rio Grande do Sul (Sindiágua/RS), visando iniciar as negociações sobre o Acordo Coletivo da categoria, composta por aproximadamente cinco mil servidores. Os trabalhadores afirmam que, ao contrário do discurso do governo estadual, a Corsan é uma empresa pública lucrativa. Ainda segundo os profissionais do setor, a companhia tem condições de investir na expansão do serviço de fornecimento de água e saneamento de esgoto no estado, atendendo as metas estabelecidas pelo Novo Marco Legal do Saneamento Básico.
A concentração do ato teve início às 10h, em frente ao DMAE, seguida de assembleia do Sindicato na qual foi deliberada a entrada da categoria em estado de greve, com a participação de trabalhadores dos cerca de 300 municípios atendidos pela Corsan. A caminhada teve início ao meio-dia em direção à sede da Corsan e se encerrou em frente ao Palácio Piratini, na Praça da Matriz, com presença de mais de 5 mil pessoas, incluindo lideranças de cerca de 30 organizações sociais do estado e sociedade civil.
Segundo Arilson Wünsch, presidente do Sindiágua, a luta a partir da mobilização popular é pela derrubada da privatização da Companhia e em defesa da água como um bem que deve ser público e acessível para todos ao invés de ser tratado como uma mercadoria. Em pesquisa realizada estadualmente, 70% da população consultada afirmou ser contra a entrega da Corsan ao capital privado.
“O que está em jogo, para além da privatização da Corsan, é a privatização de uma base natural, de um bem da humanidade. O processo de entrega da Corsan abriu as portas para um projeto maior de privatização, que inclui o DMAE”, denuncia Arilson.
Leonardo Maggi, integrante da coordenação nacional do MAB, em fala durante o ato, afirmou que os atingidos por barragens estão na rua em defesa da água e da vida. “Nós viemos de todas as regiões do estado para lutar junto com vocês pelo direito básico de acesso à água e ao saneamento através de uma empresa pública. Essa empresa é construída por trabalhadores que cuidam deste patrimônio do povo e bem da humanidade que é a água e prestam um serviço essencial e com qualidade.”
Ao longo do ato, representantes de sindicatos, movimentos socias, parlamentares, ex-prefeitos e diversas organizações fizeram falas denunciando os interesses por trás da privatização: gerar lucro para empresas privadas, que comprovadamente prestam serviços de baixa qualidade e impõem altas tarifas aos consumidores. Foi citado o caso da Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica (CEEE-D), comprada pela Equatorial Energia, que distribuiu R$ 1,2 bilhão aos acionistas as custas do aumento da tarifa oito meses após ser vendida.
Além do Sindiágua/RS, participaram do ato representantes do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa), do MAB, do Levante Popular da Juventude, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), do Serviço Municipal de Água e Esgotos de São Leopoldo (SEMAE), do Departamento de Água e Esgoto de Santana do Livramento e de outros municípios, do Sindicato dos Engenheiros do RS (Senge/RS), do Sindicato dos Administradores no Estado do RS (Sindaergs), da Associação dos Aposentados da Fundação Corsan (Funcorsan), além de parlamentares do estado.