PA: Atingidos pelos portos do agronegócio interditam rodovia no Tapajós
O ato realizado foi uma forma de chamar atenção e deixar um recado tanto para as empresas como para os poderes públicos em todos os níveis, seja federal, estadual ou municipal.
Publicado 01/08/2020 - Atualizado 01/08/2020
Atingidos do bairro Nova Miritituba, do Distrito de Miritituba em Itaituba (PA) interditaram a via transportuária para chamar atenção do poder público e das empresas do agronegócio sobre os descasos sociais que tem prejudicado a vida das populações deste território. A ação foi feita junto à associação do bairro, Conselho de Fiscalização dos Investimentos e Empreendimentos no Distrito de Miritituba (CONGEFIMI) e o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).
O Distrito de Miritituba está sendo tomado pelos portos do agronegócio, em um modelo de “desenvolvimento” e “progresso” que só tem uma finalidade, o lucro. O sonho de um verdadeiro desenvolvimento que traga melhorias de vida para o povo dessa região mais uma vez vai sendo encoberto pela poeira das carretas, mortes no trânsito, prostituição, violência e descaso social de modo geral.
Os direitos dessas populações mais uma vez não estão sendo respeitados, as empresas estão se instalando no território e cada vez mais aumenta as mazelas sociais gerando a violação de direitos humanos.
Os investimentos em saneamento, educação e saúde nunca serão prioridade para as empresas, os poderes públicos executivo e legislativo traçam uma política sem transparência, pois o povo não sabe onde são aplicados os recursos advindo dos portos. O município de Itaituba chega a receber em torno de 9,5 milhoes de reais anualmente advindo dos impostos gerados pelos portos.
Em oposição a esta riqueza, um dos exemplos visíveis desse modelo de desenvolvimento que não serve para essas populações é o espaço onde deveria ser uma creche no bairro Nova Miritituba, que está tomado pelo mato e com a obra parada.
É preciso muita luta popular para garantir os direitos dessas populações. A soja e o milho têm passado e deixado um rastro de destruição, o descaso social é visível, as políticas públicas não estão dentro deste modelo de desenvolvimento, portanto essa forma de desenvolver e de empreender não condiz com a realidade local.
O ato realizado foi uma forma de chamar atenção e deixar um recado tanto para as empresas como para os poderes públicos em todos os níveis, seja federal, estadual e municipal.