Em plena pandemia, Vale coloca funcionários para fazer levantamentos de danos dos atingidos no baixo Paraopeba
Publicado 12/05/2020 - Atualizado 04/06/2020
Convivendo com as muitas perdas causadas pelo envenenamento do rio Paraopeba, desde o rompimento da barragem B1 do complexo Mina do Córrego do Feijão, as comunidades que dependem do rio enfrentam situações dramáticas com as ações da Vale nos territórios. Além do corte de 50% do valor do Auxílio Financeiro Emergencial, sem poder sobreviver da pesca, turismo e agropecuária, muitas famílias foram bloqueadas e não recebem mais o auxílio, nem água e forragem para os animais.
O isolamento social devido ao Covid-19 atrasou a entrada em campo das Assessorias Técnicas Independentes já homologadas na justiça. A mineradora Vale, entretanto, não parou. Sem respeitar as orientações do Ministério da Saúde e nem mesmo o bom senso, mantém seus empregados e terceirizados circulando pelas comunidades, levando o risco de contaminação pelo coronavírus às populações que já tem grande dificuldade de acesso aos equipamentos de saúde.
Aproveitando-se da ausência respeitosa das Assessorias Técnicas, a Vale tem percorrido os territórios e comunidades do baixo Paraopeba fazendo levantamentos dos prejuízos dos comerciantes e agricultores, de forma unilateral e sem participação coletiva. Para o Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB, pela experiência do rio Doce, os resultados dessas ações serão usados contra os próprios atingidos, para confrontar o estudo sério, metódico e participativo das ATIs, de forma a tumultuar o processo e negar direitos.
Os atingidos têm relatado alguns dos comentários que os empregados da Vale fizeram em algumas comunidades, como precisam fazer tudo antes que eles (as Assessorias Técnicas) entrem em campo. O MAB vem denunciando essas práticas junto às Instituições de Justiça, para que a população atingida possa ter as garantias legais dos processos de reparação, como acordado entre as partes.