Em plena pandemia, atingidos no rio Doce estão sem água

“Falar bonito é bom, quero ver é ter água para lavar as mãos aqui”, denuncia atingida. Famílias cobram ações da COPASA e da Fundação Renova para resolver a situação com […]

“Falar bonito é bom, quero ver é ter água para lavar as mãos aqui”, denuncia atingida. Famílias cobram ações da COPASA e da Fundação Renova para resolver a situação com urgência em meio à crise de saúde pública

Atingidos e atingidas de Cachoeira Escura, distrito de Belo Oriente, no Vale do Aço-MG, estão sem água desde terça-feira (17). A COPASA, concessionária de abastecimento em Minas Gerais, e a Prefeitura Municipal não apresentam explicação sobre o problema. 

A falta de água é uma questão recorrente no distrito que tem cerca de 14 mil habitantes. A captação é feita direta no rio Doce e pode estar contaminada por metais pesados. A falta desta semana piora ainda mais a condição das famílias que não conseguem seguir as recomendações mínimas do Sistema Ùnico de Saúde (SUS), como lavar as mãos com água e sabão. 

“Falar bonito é bom, quero ver é ter água para lavar as mãos aqui”, cobra Alessandra Maria de Oliveira, 41, moradora e integrante da Comissão Local dos Atingidos e Atingidas. 

As caixas vazias mostram um fundo cheio de barro escuro parecido com rejeitos de minério o que denuncia a contaminação e obriga todos os moradores a lavar as caixas com freqüência. 

Alessandra cobra ações da Fundação Renova, criada para reparar os danos causados pela barragem de Fundão, de propriedade da Samarco, Vale e BHP Billiton. Apesar da pauta por melhor qualidade de água ser discutida desde 2015 pelos moradores, a Fundação não assume compromissos com a comunidade como garantir entrega de água para a população enquanto não garante uma forma de abastecimento alternativo como está fazendo em Governador Valadares. 

Para Alessandra Maria, “a Fundação Renova deveria estar entregando água para a população, sobretudo nesse momento de coronavírus. Alem disso, a nossa Estação de Tratamento de Água deveria ser abastecida pelo caminhão pipa como é feita em Resplendor desde o início. Tem acamados sem banho, pessoas idosas sem banho, crianças, adultos, adolescentes precisando lavar a mão toda hora e ninguém faz nada”, denuncia.

Ate agora, a COPASA ainda não deu explicações sobre o que está acontecendo e quando a água vai voltar. “Em todos os lugares eles avisam com antecedência e a razão de falta de água. Aqui não existe isso, ninguém fala nada e é frequente. É um absurdo uma coisa dessas”, conclui Alessandra. 

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