Com Paraopeba contaminado, Juatuba apresenta crescimento em casos de doenças

Foto: Filipe Chaves / Midia Ninja Em passagem pela cidade de Juatuba, na região metropolitana de Belo Horizonte, na quarta-feira (22), a Marcha dos Atingidos: 1 ano do crime em […]

Foto: Filipe Chaves / Midia Ninja

Em passagem pela cidade de Juatuba, na região metropolitana de Belo Horizonte, na quarta-feira (22), a Marcha dos Atingidos: 1 ano do crime em Brumadinho debateu a saúde dos atingidos após a contaminação do rio Paraopeba, decorrente do rompimento da barragem da Mina do Córrego do Feijão.

Na parte da manhã, foi realizada uma Assembleia Popular. A água passou a ser motivo de preocupação devido a contaminação por metais pesados, que causou diversos problemas na saúde na população: desde manchas na pele, problemas gastrointestinais e até o aumento do número de abortos.

De acordo com Cristiano Martins da Cruz, representante da Secretaria de Saúde de Juatuba, aumentaram os casos de alcoolismo, insônia, depressão, diarreia, coceira e manchas na pele entre a população. Segundo da Cruz, foi entregue um relatório com as informações à promotoria do Ministério Público de Minas Gerais.

Creuza Fernandes, da Comissão de Atingidos do distrito de Revés do Belém, em Bom Jesus do Galho, relata que a pesca, sua principal fonte de renda, está totalmente comprometida no território. A atingida relata que não tem mais condições financeiras de arcar com os custos de consultas médicas, exames e medicamentos, que não são fornecidos via SUS.

Segundo Miqueias Ribeiro, da coordenação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), crescem os casos de doenças de pele em toda a bacia do Paraopeba. Em Brumadinho, o consumo de remédios controlados e o número de tentativas de suicídio continua crescendo 1 ano depois do crime da Vale. O MAB afirma que, em Brumadinho, é feito o acompanhamento da juventude, mas tanto a secretaria de saúde quanto as direções das escolas evitam debater sobre a questão e, quando aceitam algum tipo de parceria é de profissionais financiados pela Vale.  

Uma das principais reivindicações da população atingida é a contratação das Assessorias Técnicas Independentes, para a garantia de consultoria e acompanhamento não tendencioso, de modo que sejam organizados diagnósticos e possibilidades de soluções para as demandas das regiões – construindo de modo participativo todos os passos necessários para a luta por reparação integral. Além disso, é fundamental a aprovação das Políticas estadual e nacional de Direitos dos Atingidos por Barragens, ambas em regime de tramitação na Assembleia Legislativa de Minas Gerais e no Senado Federal, respectivamente, na garantia de direitos e justiça.

Água de qualidade

Durante a tarde, a marcha seguiu pelas ruas de Juatuba, com o objetivo de dialogar com a população, levantar bandeiras por justiça, reparação e contra a impunidade da Vale. Os atingidos seguiram em direção à sede da Copasa, empresa responsável pela distribuição de água na região. A reivindicação era sobre a qualidade da água, uma vez que a população sente as consequências de consumir a água da torneira.  

Outra parada do ato foi em frente ao escritório da Vale – que estava de portas fechadas para a população. “Ninguém quer viver de indenização, queremos reparação”, afirma a atingida de Juatuba, Joelísia.

Para finalizar a programação em Juatuba, a marcha recebeu um grupo de Congado que trouxe uma breve apresentação da cultura popular mineira, promovendo um momento de poesia, solidariedade, dança e espiritualidade. Ao final da tarde, a marcha seguiu para a cidade de Betim onde dará seguimento à programação.