Atingidos de Irapé sofrem com a falta de água e descaso da Cemig
Aproximadamente 70 famílias das comunidades Santa Cruz I e Santa Cruz II, no município de Cristália-MG, têm sofrido com a escassez e dificuldade de acesso à água, resultado do processo […]
Publicado 09/09/2019
Aproximadamente 70 famílias das comunidades Santa Cruz I e Santa Cruz II, no município de Cristália-MG, têm sofrido com a escassez e dificuldade de acesso à água, resultado do processo de reassentamento de parte das famílias removidas em função da construção da barragem de Irapé.
A região já possuía um acesso precário à água, ainda assim o local foi um dos escolhidos pela Cemig para o reassentamento da famílias, que receberam entre 10 e 50 hectares e começaram a se estabelecer na região em 2004. Visando solucionar essa questão, a Cemig construiu quatro barragens para captação de água, mas passados 15 anos a situação das famílias está longe de ser a que esperavam quando foram levadas para o local.
Uma das barragens, construída sem os cuidados devidos, não suportou a força da água e rompeu pouco tempo depois de sua construção. As famílias que dependiam dela são abastecidas por um poço artesiano, que está secando. Outra barragem também secou ao longo do tempo, de modo que as famílias tiverem, por sua conta, que providenciar a estrutura e um novo ponto de captação, que se encontra cerca de 2 km das casas.
As outras duas barragens, embora tenham água, não são suficientes para abastecer as famílias. Dada a redução da vazão dos córregos e a altura em que foram instalados os canos que a distribui para as casas, é necessário aguardar um (1) dia para que a água chegue até a altura do encanamento, de maneira que o abastecimento ocorre dia sim, dia não, ou durante poucas horas do dia.
Para quem, no entanto, reside mais próximo ao fim do sistema de distribuição, a situação é ainda mais complicada. Como a água, em função da quantidade reduzida, não possui força para chegar até esses locais, as famílias estão dependentes de caminhão-pipa que, no geral, leva água apenas uma vez por mês.
O problema da água não é o único. Uma ponte de madeira em situação precária tem trazido ainda mais preocupação para os moradores. Construída para ser uma medida paliativa até a construção da estrutura definitiva, passados vários anos a situação permanece e se agrava a cada dia. A ponte, passagem obrigatória para quase todos, incluindo o ônibus escolar, está com uma de suas vigas comprometida, colocando em risco toda a comunidade.
A associação de moradores tem tentado resolver o problema, mas a Cemig não se dispõe a colaborar. Em julho estivemos na Cemig e uma funcionária disse que não era mais responsabilidade deles. Entregamos também um ofício que não foi respondido, afirma Paulino Baldaia, presidente da associação comunitária.
A comunidade denuncia, ainda, o jogo de empurra entre empresa e da prefeitura, que negam ter responsabilidade sobre a resolução do problema e atribuem, um ao outro, essa obrigação.
Para a resolução da questão, as comunidades concebem duas providências: 1) A abertura de poços artesianos e/ou a ampliação das barragens existentes, melhorando o posicionamento do cano que capta a água da barragem e a distribui para as famílias; 2) a substituição da ponte de madeira por uma de concreto, conforme prometido pela Cemig.
Os moradores, com apoio do Movimento dos Atingidos por Barragens, solicitam à prefeitura e à Cemig uma reunião conjunta para discutir formas de resolver a situação.