Em plena crise na Amazônia, Bolsonaro permite a construção de três hidrelétricas na região
Ignorando os possíveis impactos em uma região que já sofre com a política ambiental do governo, Bolsonaro resolveu incluir no programa de parcerias de investimentos (PPI) as condições para o […]
Publicado 09/09/2019
Ignorando os possíveis impactos em uma região que já sofre com a política ambiental do governo, Bolsonaro resolveu incluir no programa de parcerias de investimentos (PPI) as condições para o licenciamento e construção de três hidrelétricas na Amazônia.
Na sexta-feira (06), o Diário Oficial da União publicou a resolução nº 72 de 21 de agosto de 2019, que permite que o PPI absorva projetos hidrelétricos e minerários. O objetivo é buscar financiamento para o licenciamento ambiental e construção das hidrelétricas Castanheira (140 MW), Tabajara (350 MW) e Bem Querer (650 MW), planejadas para os estados de Mato Grosso, Rondônia e Roraima respectivamente.
O aproveitamento hidrelétrico (AHE) Bem Querer é o que possui a maior potência. Caso seja construída, a barragem atingirá diretamente os municípios de Bonfim, Boa Vista, Caracarí, Cantá, Iracema e Mucajaí (RR), que estão às margens do rio Branco, principal rio de Roraima e afluente do rio Negro.
Mucajaí e Iracema estão entre os 10 municípios mais desmatados na região amazônica em 2019. Segundo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), de janeiro a agosto de 2019, Mucajaí foi o 3º municípios mais desmatado, com 566 km², e Iracema foi o 6º, perdendo 348 km² de floresta. Em ambos, o principal meio de desmatamento foi por queimadas, com cicatriz de incêndio florestal de 93% em cada município.
O governo pretende construir o AHE Bem Querer ao mesmo tempo em que a Amazônia é desmatada e queimada, o que pode agravar a crise ambiental, econômica e social na região, avalia Jackson Dias, na coordenação nacional do MAB.
Atualmente, Roraima é o único estado do Brasil que não está ligado ao Sistema Interligado Nacional (SIN), recebendo energia proveniente da hidrelétrica de Guri, da Venezuela. O fornecimento de energia vem sofrendo com problemas desde o início do ano devido à dificuldade de manutenção e operação do sistema venezuelano, agravada pelas sanções e possíveis sabotagens dos Estados Unidos contra a Venezuela em sua tentativa de derrubar o governo Maduro.