Lançamento da Jornada de Luta dos Atingidos marca a união do campo popular pela soberania
Uma jornada como essa faz muito sentido quando entendemos que somos todos atingidos, afirmou Débora Sá do Movimento das Trabalhadoras(es) por Direitos (MTD) durante o lançamento da Jornada de Luta […]
Publicado 05/09/2019
Uma jornada como essa faz muito sentido quando entendemos que somos todos atingidos, afirmou Débora Sá do Movimento das Trabalhadoras(es) por Direitos (MTD) durante o lançamento da Jornada de Luta dos Atingidos que aconteceu na noite de ontem, 04, na sede do Sindipetro-MG. O lançamento da jornada de lutas do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) reuniu mais de 20 entidades e movimentos do campo popular, com a presença de 80 pessoas, firmando a luta pelo direito dos atingidos e em defesa da soberania.
Com o lema A Vale Destrói O Povo Constrói, a jornada pretende denunciar os crimes nas bacias do rio Doce e Paraopeba, provocados pelas empresas Vale, Samarco e BHP Bilinton. A jornada denuncia também a lentidão da justiça na condenação e reparação dos crimes. A luta cobra que as empresas se responsabilizem pelo custeio da reparação integral, mas reforça que ela só será possível com participação e protagonismo dos atingidos.
É tanta coisa, como você volta uma cidade toda ao normal? Antes era a lama agora é o pó, a poeira. Ficou tudo muito difícil” lamentou Ivanete Maria Silveira, moradora do município de Brumadinho e atingida pelo crime da Vale. Ela denuncia a empresa pela negligência: “ninguém esperava por isso, mas a Vale esperava, ela sabia, ela é criminosa”, afirmou.
Beatriz Cerqueira, Deputada Estadual e integrante da CPI de Brumadinho instalada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), estava presente no lançamento. As pessoas da bacia do rio Doce são violentadas todos os dias por esse modelo econômico que nós denunciamos. Estar aqui é difícil, mas também uma alegria. É dizer que existem movimentos que acolhem, que lutam e que fazem a denuncia, afirma. A deputada também ressaltou a importância do MAB como um agente construtor que denuncia não só da Vale, mas também o judiciário e o poder público que nada fez em relação aos atingidos de Mariana e Brumadinho.
Foto: Mídia Ninja
O lançamento da Jornada foi um momento de unidade de diversos setores que lutam por direitos, como afirmou João Evangelista do Sindicato dos Correios (SINTECT-MG). É o momento de unificar nossa luta, impedindo a privatização das empresas e impedindo novos crimes do Capital, reforça. Assim como ele, o diretor do Sindicato dos Eletricitários (SINDIELETRO/MG) Vander Meira, defendeu a luta dos trabalhadores. Lidamos com os trabalhadores que constroem essas barragens. Nós lidamos com os trabalhadores atingidos por barragens. Se não lutarmos agora para que as empresas não sejam privatizadas, como a Vale foi no passado, quantas outras barragens irão se romper?.
Para Vander, o lema da Jornada de Luta dos Atingidos é crucial e precisa ser entendida por toda a sociedade. A Vale Destrói O Povo Constrói: destrói vidas, destrói o meio ambiente, as cidades. E é o povo unido, os trabalhadores quem constroem. Só quando todos nós nos entendermos como classe trabalhadora, e entender o prejuízo que o Capital gera, é que vamos conseguir acabar com toda essa destruição e exploração das empresas. Essa e uma jornada de lutas de todos os trabalhadores”, finalizou.
O evento também contou com a presença de parceiros do SindUTE, SINTECT-MG, SINDAGUA, Coletivo Alvorada, Marcha Mundial das Mulheres, Linhas do Horizonte, Levante Popular da Juventude, União da Juventude Comunista (PCB), Sindicato dos Jornalistas, SITICOP e representantes do Deputado Federal Patrus Ananias, do Bispo de Brumadinho Dom Vicente Ferreira, e da Igreja Luterana, e diversos outros parceiros. As diversas participações possibilitaram a diversificação da luta e a importância das pautas e demandas desses setores. A Jornada de Luta do Atingidos segue com programações até janeiro do ano que vem.