Desmatamento na Amazônia já é o maior dos últimos dez anos
Aumento do desmatamento reflete política de Bolsonaro para a Amazônia O ano mal chegou à metade e o desmatamento registrado pelo o Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE) na Amazônia já […]
Publicado 08/08/2019

Aumento do desmatamento reflete política de Bolsonaro para a Amazônia
O ano mal chegou à metade e o desmatamento registrado pelo o Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE) na Amazônia já é o maior dos últimos dez anos. O índice nos sete primeiros meses do governo Bolsonaro já supera em 37% a área desmatada em todo o ano de 2018. No mês de Julho de 2019 foram desmatados 4.139,3 km² de floresta, área equivalente à soma das áreas das capitais São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador.
Somando os primeiros sete meses de governo Bolsonaro, a Amazônia brasileira já perdeu 9.346 km², cerca de 43% a mais do que a média dos últimos dez anos. Segundo o INPE, entre 2004 a 2008 a média anual de desmatamento na Amazônia foi de 17.126 km², enquanto que no período entre os anos de 2009 a 2018 a média anual diminuiu para de 6.493 km².
Os estados que mais sofreram desmatamento foram o Mato Grosso (3658,87 km²), Pará (2144,73 km²) e Roraima (1528,3 km²). Neste último, o desmatamento aumentou drasticamente em comparação ao ano passado. Uma das causas apontadas tem sido o avanço do garimpo ilegal nas terras indígenas, com a invasão de cerca de 10 mil garimpeiros à Terra Indígena Yanomami.
Veja no quadro abaixo a quantidade de área desmata nos estados da Amazônia Legal:
Estado | DESMATAMENTO Km² |
| |
2018 | Jan a Jul/2019 | Variação % | |
Pará | 2589,22 | 2144,73 | 82,83 |
Mato Grosso | 1419,16 | 3658,87 | 257,82 |
Rondônia | 1186,01 | 790,96 | 66,7 |
Amazonas | 930,52 | 1013,66 | 108,93 |
Acre | 393,1 | 172,74 | 43,94 |
Maranhão | 167,29 | 31,71 | 18,95 |
Roraima | 78,4 | 1528,3 | 1949,36 |
Tocantins | 19,14 | 1,77 | 9,25 |
Amapá | 0 | 4,05 | 405 |
TOTAL | 6782,84 | 9346,79 | 137,8 |
Entre os municípios mais desmatados nos sete primeiros meses de 2019 se destacam Mucajaí-RR (535,87 km²), Altamira-PA (432,57 km²) e Iracema-RR (345,07 km²). Entre as Unidades de Conservação mais desmatadas estão Floresta Nacional de Roraima-RR (134,53 km²), a Floresta Nacional do Jamanxim-PA (95,84km²) e Área de Proteção Ambiental do Tapajós-PA (46,85km²).
O Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE) é um instrumento técnico do governo federal que monitora, desde 1988, o desmatamento dos biomas brasileiros. Mesmo sendo fonte de pesquisa para muitos cientistas no mundo, nas ultimas semanas Bolsonaro e o Ministro de Meio Ambiente contestaram os dados do Instituto, por causa do avanço do desmatamento na Amazônia.
Uma imensa floresta ameaçada
A Floresta Amazônica está presente em nove países da América do Sul, a maior parte no território brasileiro, no chamado bioma amazônico, com 4,197 milhões de km².
Segundo o Instituto Chico Mendes (ICMbio), cerca de 15% do bioma amazônico está distribuídos entre 119 Unidades de Conservação (UC) e segundo a FUNAI cerca de 26% da Amazônia é composto por Terras Indígenas (TI). A somatória dessas áreas protegidas é o equivalente às áreas da França, Alemanha, Espanha e Reino Unido juntas.
Além das TIs e UCs, a Amazônia é composta pela maior e mais volumosa bacia hidrográfica do mundo, destacando os rios Juruá, Purus, Madeira, Tapajós, Xingu, todos eles afluentes do rio Amazonas. Recentemente foi descoberto o aquífero Alter do Chão, que segundo os cientistas já é o maior reservatório de água doce no mundo, capaz de abastecer a população do planeta por cerca de 300 anos.
Toda essa riqueza, protegida pelos povos da floresta, está cada vez mais ameaçada pelo avanço do agronegócio, das madeireiras e dos grandes projetos, como mineração, hidrelétricas, hidrovias e ferrovias. Também têm se intensificado as ameaças e ataques aos defensores dos direitos humanos, como as militantes do Movimento dos Atingidos por Barrages (MAB) Nicinha e Dilma Ferreira, assassinadas em 2015 e 2019.