Falta de água dificulta permanência de famílias em Chapada do Lagoão

A Área de Preservação Ambiental (APA) de Chapada do Lagoão, localizada no município de Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, é uma região conhecida como “cabeceira de água”, abrigando um número grande de nascentes e de lagoas. As principais são a lagoa da Lapinha, a do Brejão e o Lagoão, que dá o nome popular à chapada. São essas lagoas que abastecem várias comunidades.

Mas a região que abriga inúmeras fontes de água, é, ao mesmo tempo, um problema para a população que não tem acesso a ela. De acordo com o morador da comunidade da Lapinha, Márcio Pereira, a falta de água dificulta a permanência das famílias ali: “a água aqui para nós é o problema principal, se não fosse essas caixas de ‘terreirão’ ai, é só o caminhão pipa mesmo” afirmou. A falta de água dificulta a produção das famílias. “Se não fosse essa questão da água, a vida da gente seria mais fácil né, você podia produzir na terra, agora as plantinhas lá em casa mesmo, estão todas murchas, não tem água para molhar” relatou. 

De acordo com o presidente da APA, Antonio Gomes, morador da comunidade Santa Rita de Cássia Cabeceira da Chapa da Lagoão, o processo para tornar a área como uma APA foi longo. “Começou na década de 70, quando um empresário de São Pulo adquiriu na área da chapada 249 hectares, querendo cercar 3500 hectares, com isso começou a luta dos moradores” afirmou. Naquele período, havia muitos moradores que sobreviviam das riquezas naturais presentes naquela área.                                

Após esse processo de luta intenso contra os empresários, iniciou as articulações com organizações como o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Araçuaí, a Diocese de Araçuaí, a Prefeitura Municipal e outras, junto as comunidades rurais, somando cada vez mais forças. Essa organização deu inicio a ações que impossibilitaria a apropriação dos fazendeiros e a criação da APA foi algumas das soluções encontradas para que eles não se apropriassem  das terras.

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