Nota do MAB sobre a ocupação do escritório da Renova em Mariana
Os atingidos que ocupam o escritório da Fundação Renova, em Mariana, desde segunda feira (3), buscam diálogo, espaços de negociação e respostas da Samarco e da Renova há 3 anos […]
Publicado 06/06/2019
Os atingidos que ocupam o escritório da Fundação Renova, em Mariana, desde segunda feira (3), buscam diálogo, espaços de negociação e respostas da Samarco e da Renova há 3 anos e 7 meses.
Os garimpeiros e pescadores de Mariana, Barra Longa e Acaiaca esperaram por sete meses uma reunião para dialogar com a Fundação. Eles disponibilizaram para a Renova diversas datas de reuniões mensais, desde dezembro de 2018. A Renova não veio dialogar em nenhuma das datas apresentadas e também não propôs outras datas. Por isso, os atingidos vieram ao escritório buscar uma resposta, porque não houve possibilidade de diálogo com a Renova.
O fechamento de um escritório da Renova por atingidos que reivindicam os seus direitos não deveria ser motivo para atraso nas ações de reparação, uma vez que a Fundação possui outros escritórios e salas em Mariana, Belo Horizonte e outras cidades. Tal explicação configura um claro discurso para colocar atingidos contra atingidos.
São diversas reivindicações dos atingidos que já estão atrasadas e não são atendidas pela Renova. Há dois anos, atingidos da zona rural de Mariana pedem a instalação de postes e luz em uma rua na comunidade de Campinas; há 3 anos, atingidos de Pedras pedem a construção de um novo campo de futebol, porque o original foi destruído pela lama; há 2 anos, os atingidos reivindicam sinal de telefonia móvel nas comunidades atingidas; atingidos de Barra Longa esperam ações da Renova para sair de suas casas que estão em risco pelo tráfego de caminhos pesados; moradores de Acaiaca e Monsenhor Horta esperam reformas em suas casas. Todas essas reivindicações estão sem respostas até hoje.
Não é o fechamento de um escritório que atrasará as ações da Renova. Os atingidos entendem, justamente, de forma oposta. É com a pressão popular que essas ações podem ser agilizadas. Nós não estamos impedindo eles de trabalhar não. Porque até agora eles não trabalharam, não resolvem nada para ninguém. Nós queremos é que eles trabalhem de verdade, coisa que até agora não fizeram, e resolvam os problemas de todos os atingidos, diz um garimpeiro de Acaiaca, atingido que participa da ocupação.
Os atingidos que ocuparam o escritório em Mariana esperaram uma reposta da Renova na segunda-feira para que pudessem voltar para suas casas, mas infelizmente, o que aconteceu foram respostas evasivas, sem conteúdo e inconclusivas dadas pela Renova, que não trouxeram nenhuma segurança aos atingidos quanto à garantia de seus direitos. Nenhum prazo foi apresentado aos atingidos para resolução das reivindicações apresentadas. Além disso, um funcionário da Fundação Renova gritou com uma atingida e um funcionário de uma terceirizada agrediu um atingido. Isso deixou claro o despreparo da Renova em dialogar.
Os atingidos não se assustam com a nota divulgada pela Renova em que ela diz que não negociará com eles no espaço da ocupação. É isso que a Renova tem feito desde sua criação: ignorar as reivindicações apresentadas pelos atingidos e fazer as ações da forma que ela, que é representante das empresas criminosas, considera melhor. A Renova não traz resposta para os atingidos em nenhum espaço, seja em reuniões, assembleias, visitas individuais às famílias, manifestações ou ocupações. Por isso, depois de diversas tentativas de negociar de outras formas, os atingidos decidiram ocupar o escritório e esperarão as respostas às suas reivindicações nesse ambiente.